LA MUSICA
A RDB foi no passado dia 25 assistir a “La Musica”, uma das primeiras peças de teatro escritas por Marguerite Duras, em 1965
Esta peça fala de um encontro de um casal dois anos depois da sua separação, num hotel de província, onde também passaram os primeiros tempos de casados durante a construção da sua casa. O átrio do hotel está em remodelação e vêem-se dois homens de fato-macaco. No meio do pó e dos andaimes há um piano de cauda que os atrai, e sobre o ruído de um berbequim surge uma melodia calmante do piano.
Ele aparece primeiro no hotel e mais tarde ela. Encontram-se para assinar os papéis do divórcio. No início a conversa é de circunstância. Os dois movimentam-se mecanicamente, como se andassem atrás um do outro mas afastados, num diálogo de viagem ao passado, ao agora, e ao daqui a pouco.
“É a última vez na nossa vida” diz ele, “Eu às vezes dançava, e você não dança. E isso fazia-me falta” diz ela.
Em segundos, as eternas impossibilidades dos dois trocam de lugar com o amor, a traição, o desejo, o fim, num discurso que é o último, que pode ser o último.
“Há aqueles que se arrastam a chorar quando o amor acaba. Eu vou às compras.” diz ela.
“Vamos deixar o amor crescer na sombra. No medo.” Diz ele.
Os dois separam-se, fisicamente. Ela abandona o hotel. A melodia do piano começa a desaparecer e tudo fica suspenso.
Marguerite Duras escreveu ainda “La Musica Dois” para que 20 anos mais tarde o casal se pudesse encontrar de novo.
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