Oui Non
Está patente até 25 de Abril uma exposição com o trabalho do fotógrafo Gérard Castello-Lopes. São 48 anos de carreira revistos no Auditório 2 do CCB.
Até ao dia 25 de Abril é possível contemplar a obra de Gérard Castello-Lopes no Auditório 2 do Centro Cultural de Belém. É uma vida de trabalho revista em dois meses.
Esta exposição divide-se em duas fases, sendo que a primeira engloba o período compreendido entre 1956/1963 e incide na sua maioria sobre o Portugal do Estado Novo. A segunda parte contém fotografias onde a figura humana não assume o papel principal, e mostra-nos fotografias tiradas entre 1982/2003, em vários locais como Bruxelas, Praga, Roma, Zurique, Londres e Alsácia.
A fotografia mais recente na exposição é do ano passado e foi tirada em Itália, retratando o interior de um quarto de hotel.
O título da exposição foi escolhido por Luísa Costa Dias e vem a propósito duma fotografia, tirada em Paris em 1958, “que retracta uma mulher sentada junto a um quiosque, lendo uma revista, onde na capa se pode ler “oui/non”.
Gérard Castello-Lopes nasceu em França em 1925. Sua mãe era francesa e seu pai português. Ainda hoje reparte a sua vida entre Paris e Lisboa. A necessidade de representar o mundo à sua volta levou-o a seguir as pegadas do avô que desenhava e pintava tudo o que o rodeava. Cedo descobriu que não tinha nascido para a pintura.
A sua paixão pela fotografia nasceu depois de um amigo lhe ter emprestado um fato de mergulho em 1954 e Gérard se ter apercebido que não tinha memória suficiente para preservar tudo o que o fascinava debaixo de água. Começou então a fotografar, mas como não era fácil na altura fotografar debaixo de água, começa a fazê-lo fora dela. Desde aí não parou…
Autodidacta na arte, veio a aperceber-se da realidade que o rodeava e decidiu que deveria fotografar a situação concreta das pessoas. Queria transmitir ao mundo os seus problemas e dificuldades do dia-a-dia. Passando por algumas dificuldades nesta sua determinação, Gérard Castello-Lopes parou de fotografar durante 16 anos, por achar que já não havia necessidade de se registar o que se passava no seu país. Assim, adivinha-se uma diferença entre a primeira e a segunda parte da exposição.
Depois de desafiado por António Sena para fazer uma exposição do seu trabalho em 1982, retoma a fotografia com maior entusiasmo. Agora, os corpos ganham movimento nas suas imagens e os opostos começam a ser retractados com frequência.
Apesar de todos este percurso, Gérard Castello-Lopes considera-se um fotógrafo “amador” e a fotografia uma arte menor.
Oui Non é a primeira exposição sobre a obra completa de Gérard Castello-Lopes e merece ser vista com tempo. Até 25 de Abril no Auditório 2 do CCB, de terça a domingo das 10 às 19 horas.
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