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Nómadas

Em cena no Negócio até 19 de Dezembro, “Nómadas”, a mais recente peça do Teatro do Vestido, propõe uma criação a partir dos universos de Thomas Pynchon, Malcolm Lowry e Paul Bowles.

“Nómadas” assume-se como um diálogo entre as interpretações (teatrais e intelectuais) de Gonçalo Alegria, Milton Lopes e Pedro Caeiro (Co-criação/Interpretação). Tendo cada um dos actores a tarefa árdua e solitária de se debruçar sobre a vida e obra de cada um dos autores acima mencionados, o resultado final é o cruzamento das descobertas, coincidências e antíteses encontradas.

As “personagens” nascidas do confronto entre Gonçalo Alegria/Thomas Pynchon, Milton Lopes/Malcom Lowry e Pedro Caeiro/Paul Bowles, corporizam os pontos de reconhecimento entre actor e autor, sendo interessante notar que, se se baralhassem e voltassem a dar as cartas – neste caso a distribuir os autores –  teríamos uma peça completamente diferente.

Assim, mais do que desenrolar uma ou três narrativas, a abordagem proposta por Joana Craveiro (Direcção/Criação) leva-nos numa viagem pelo carácter dialógico da personalidade, evidenciando o quanto nos construímos  ao lado de, com e para o outro. “Nómadas” em nada  se assemelha a um patchwork interpretativo, mas antes a uma porção de imaginário colectivo, como se, algumas das referências que compõe os nossos estereótipos identitários se cruzassem em palco, surgindo daí o diálogo (im)possível.

No palco, três homens, três espaços, três personagens, três actores coexistem. A dado momento, uma coreografia impecavelmente ensaiada altera o ritmo da peça. Os três dançam e depois os três discutem, mas que três? Os três homens, os três actores ou as três personagens? Fica a dúvida que expõe em si mesma a fragilidade das fronteiras entre eu e o outro explorada por “Nómadas”.



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