“O Quinto Poder”
Uma tentativa falhada.
A narrativa ganha força com o colapso económico na Islândia e a corrupção no Quénia, acontecimentos que servem de arranque para uma das maiores e mais perigosas fugas de informação – são mais de 720 000 documentos com revelações confidenciais, militares e diplomáticas, sobre o Afeganistão recolhidos pelo Wikileaks e publicados pelos The New York Times, The Guardian e Der Spiegel. Uma estranha aliança que desafia os princípios do jornalismo convencional e que põe em causa a ética e deontologia das mais influentes publicações mundiais.
Benedict Cumberbatch é um Assange provocador e arrogante, um hacker desde os tempos de adolescência com o objectivo de libertar a informação que julga estar constantemente manipulada. Um homem com muitos segredos que não hesita em revelar os dos outros outros. Quem o diz é Daniel Domscheit-Berg, interpretado por Daniel Bruhl. Berg é tido aqui como o sensato da dupla, o único detentor de limites que, ao que indica, evitam males maiores.
O filme consegue levantar questões fundamentais sobre a publicação da informação mas não dá tantas respostas como faz prever. Os momentos de suspense são pulsantes mas culminam em cenas mais superficiais do que esperava. Impressionou-me a criação de uma redacção que tem como tecto o céu que contraste com os gabinetes fechados do governo.
A dinâmica acelerada e a abundância de diálogos, intercalados com textos, gráficos visualmente muito intensos, apesar de inevitavelmente contagiantes parecem-me uma tentativa falhada de Bill Condon replicar o ritmo frenético dos WikiLeaks.
Apesar de acabar com uma breve reflexão sobre jornalismo, a versão aqui apresentada é a simplista de uma história com contornos mais profundos. O Quinto Poder peca pela falta de edição aos factos que lança, o mesmo erro que parece ter defraudado ou enaltecido os WikiLeaks.
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