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Portugal Europeu. E Agora? – 2º Encontro Presente no Futuro

A Rua de Baixo acompanhou o encontro Portugal Europeu. E Agora?, que teve lugar no Liceu Pedro Nunes, em Lisboa, nos dias 13 e 14 de Setembro. Eis o nosso olhar sobre o primeiro dia de trabalhos.

«A Europa é feita de cafetarias, de cafés. Estes vão da cafetaria preferida de Pessoa, em Lisboa, aos cafés de Odessa frequentados pelos gangsters de Isaac Babel. Vão dos cafés de Copenhaga, onde Kierkegaard passava nos seus passeios concentrados, aos balcões de Palermo. […] Desenhe-se o mapa das cafetarias e obter-se-á um dos marcadores essenciais da ‘ideia de Europa’». | George Steiner

A Fundação Francisco Manuel dos Santos (FFMS) realizou nos passados dias 13 e 14 de Setembro o evento Portugal Europeu. E Agora? – 2º Encontro Presente no Futuro. O Encontro abriu com as palavras de António Barreto – Presidente do Conselho de Administração da FMMS – e Marina Costa Lobo – a Comissária do Encontro.

António Barreto manifestou a satisfação pela realização do Encontro que foi realizado com o intuito de proporcionar um espaço aberto aos cidadãos para o debate, sem academismos, mas com rigor, procurando fugir dos lugares comuns. Maria Costa Lobo reforçou esta ideia e sublinhou a ideia de que existe um certo consenso no debate público em Portugal sobre a Europa, cujo resultado lhe parece um pouco vazio – considera que falta conhecimento, interesse e participação.

Maria João Rodrigues, João M. de Almeida e António Vitorino foram os responsáveis pelo plenário que se seguiu.  A Professora deixou-nos com a seguinte questão:  O que é que cada um de nós quer ser como cidadão europeu? António Vitorino questionou a forma como Portugal se relacionou com os fundos europeus, com o olhar fixo na taxa de execução e sem assumir uma cultura de avaliação do efeito que esses fundos e os projectos por eles apoiados tiveram no crescimento económico do páis.

Questionar foi algo constante  neste encontro: um pouco por todo o espaço do Liceu Pedro Nunes somos convocados a responder a várias questões, deixadas na mesa do espaço lounge, nas paredes, no material de divulgação que os participantes receberam.

Ao final da tarde de sexta, realizou-se o Café Universitário, moderado pela jornalista Fernanda Freitas e com a presença de jovens portugueses cujos percursos de vida lhes permitiram uma experiência europeia. Ary Ferreira da Cunha,  Ana S. Fonseca, Hugo Menino Aguiar e Maria João Cocco partilharam com uma plateia de jovens (e não só) um pouco daquilo que para eles foi mais positivo na sua experiência académica e profissional algures pela Europa.

Do  momento Sim e Não – Existe uma cultura europeia? ficou a sensação de uma conversa “ao lado” da cultura europeia: Pedro Mexia e Paulo Branco centraram o diálogo no cinema, nomeadamente no cinema português. Os participantes tinham possibilidade de votar e escolher o Sim ou o Não perante a pergunta. Essa votação aconteceu no início e no fim da conversa e pudemos registar uma mudança de opiniões.

A tarde continuou com uma conversa mais intimista, com D. Manuel Clemente e com Wolfgang Munchau. Houve lugar para o debate de grandes questões relacionadas com a democracia, com as relações com África e com a América Latina. Tempo ainda para falar d’O Futuro da Escola, num café com Carlos Fiolhais e Carlos Grosso.

Pelas 19h10m houve Governo Sombra ao vivo, do Grande Auditório, com a presença de João Miguel Tavares, Pedro Mexia, Ricardo Araújo Pereira e Carlos Vaz Marques.

Pelas 21h30m Rita Sussmuth, Thorsten Faas e Reinhard Naumann foram recebidos por José Pena do Amaral para discutir a questão Que Europa querem os alemães?

2º DIA

«Vivemos numa sociedade crescentemente acrítica», defendeu o historiador britânico, Antony Beevor ao jornal Diário de Notícias, nas vésperas da sua conversa com o público presente no segundo dia do evento Portugal Europeu. E Agora?; evento que é sinal de combate ao acriticismo, pelo facto de permitir espaços de diálogo e debate entre os participantes.

Portugal Europeu. E agora? deu o pontapé  de saída para o segundo dia com um plenário intitulado Portugal Europeu? – com a presença de António Barreto, Manuel Vilaverde Cabral e Augusto Mateus.  A manhã oferecia vários espaços de debate e de grandes questões, bem como uma conversa mais intimista com Adriano Moreira e ainda cafés e conversas com José Manuel Sobral e Marina Costa Lobo.

Após o almoço, os participantes puderam escolher entre o debate sobre o futuro do Euro e alguns momentos de descontração com Rui Massena, ao ar livre. O maestro participou também num Café das Artes, lado a lado com Ruben Alves e Bárbara Coutinho.  A conversa abordou questões relacionadas com a  cultura e a arte, em Portugal e na Europa. Convém não esquecer as palavra de Maria João Valente Rosa, no dia anterior, que sublinhava o facto de nos encontrarmos aquém de alguns países, no que à qualificação escolar diz respeito. Ruben Alves recordou os números do Pordata https://www.facebook.com/ffms.pordata  relativamente ao abandono escolar, onde Portugal ocupa um terceiro lugar.

A sessão de encerramento contou com o discurso de Alexandre Soares dos Santos, que resgatou aplausos dos participantes. Recuperou Fernando Pessoa, com a ideia de que falta cumprir Portugal.

A noite terminou no Jardim da Estrela com um concerto de Rodrigo Leão. Portugal Europeu. E agora? – foram dois dias de conversas, trocas de ideias, encontros e desencontros com questões pertinentes e perante as quais os participantes demonstraram.  «Prefiro alguns erros em democracia que nenhum erro em ditadura», afirmou António Barreto. A realização de eventos como este está longe de ser um erro, pela forma rigorosa e informal como os temas foram discutidos, com uma tão forte participação dos cidadãos.

 



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