“Proteus” – PS3/PS Vita

“Proteus” – PS3/PS Vita

Natureza abstrata, o direito à saudável diferença

Com a época natalícia bem perto são muitos os títulos que surgem para as várias plataformas de consolas. Se “Call of Duty: Ghosts” e “Battlefield IV” enchem as medidas aos mais furtivos jogadores, a mais recente aventura de Edward Kenway em Assassin’s Creed IV faz as delícias dos fãs de estórias de piratas. Noutros quadrantes, joga-se desenfreadamente dentro das quatro linhas com “Fifa 14” ou quebram-se limites em Los Santos…

Depois existe quem teime em apostar na diferença com um misto de desarmante simplicidade. São estas algumas das principais demandas dos produtores e criadores dos jogos Indie e “Proteus”, uma ideia de Ed Key e Davis Kanaga inicialmente projetada para o universo PC, chega agora ao planeta Sony – pela mão da Curve Studios – nas versões PS3 e PS Vita.

E é mesmo na versão portátil que “Proteus” parece ter mais sentido. Num dos trailers de apresentação desta aventura de inspiração “retro” podemos ver um dos seus criadores, Ed Key, a passear pela natureza e a ser absorvido pela mesma. E tal, acreditem, é o que se sente ao jogar “Proteus” durante alguns minutos que se vão tornar progressivamente muitos. Ainda que os cenários de 8 bits remetam para imaginários vividos há décadas a envolvência e a maravilhosa banda sonora, minimalista q.b., deixam-nos dentro de jogo de forma gradual. A realidade passa a estar nas nossas mãos e o que nos rodeia desvanece aos poucos.

Nos primeiros instantes somos levados a emergir do mar e a caminhar em direção do vazio natural de uma ilha algures na nossa imaginação. O sol está a brilhar e com a ajuda de simples comandos embrenhamo-nos em terra firme.  Estamos na primavera. Os pássaros cantam, o dia está claro e convida a um passeio. Se aparentemente existe uma sensação de solidão e acalmia à medida que os minutos passam e os caminhos são palmilhados começamos a sentir as especificidades do “gameplay”. Tudo à nossa volta está vivo e podemos ajudar a alterar o cenário e essa interatividade sente-se sobremaneira com as alterações da banda sonora.

A deliciosa abstração que “Proteus” confere leva-nos a querer explorar ainda mais este local desconhecido e quanto mais investigarmos e explorarmos maior o sentimento de pertença e satisfação. Cada início representa um novo começo e ficamos com a ideia que podemos ficar nisto para sempre. Cada nova abordagem em relação à fauna e flora nativas produz novas surpresas. As estações mudam e os principais intérpretes também. Esta aventura sensorial vivida na primeira pessoa permite observar folhas que caem, coelhos assustados ou curiosos, sapos que seguem o curso da vida. Pelo meio, existem lagos, vales e montanhas ou ainda, por exemplo, grupos de menires pois a herança história também faz parte da existência.

As horas passam, a música também e, aos poucos, inventamos novas abordagens que fazem “apressar” as mudanças de estação e fazer a natureza acontecer. O final, pelo menos temporário, chega com o ocaso do inverno. O ciclo pode ficar completo em 30 minutos, uma hora ou mais pois tal depende da nossa atividade e objetivo. Mas este universo de simples pixels não tem a noção de finito e vai, com certeza, levar o jogador a reiniciar a aventura pois o sol não deixa de brilhar.

Extremamente viciante e dono de uma “passiva” provocação aos nossos sentidos, “Proteus” conseguiu fazer com elevada distinção a por vezes complicada transição entre o universo dos computadores pessoais e chega às consolas Sony repleto de vitalidade sendo altamente recomendado principalmente na versão portátil e com uns bons headphones. Tal como foi “Journey”, “Proteus” pode assumir-se com um dos maiores sucessos no que aos jogos exclusivamente descarregáveis diz respeito e por apenas 12,99 euros podem assegurar-se várias horas de prazer ao explorar um arquipélago em constante renovação, imaginário e sedutoramente simples.



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