Rammstein @ Pavilhão Atlântico (16.04.2013)
Corações que ardem
Se há espectáculos imperdíveis, este é um deles.
Os Rammstein são singulares, originais e ostensivamente a maior banda de metal industrial do mundo. Um concerto destes consegue ser sinistro, subversivo, machista e rude, sem no entanto perder algum humor. A banda transmite uma imagem obscura e ocasionalmente militarista; a teatralização de um caos organizado é a sua imagem de marca, sustentada por uma postura imponente, fria e tresloucada, mostrando uma arte contemplativa e permeável pelas energias transmitidas.
Com batidas simples e repetitivas, riffs de guitarras compassados e poderosos, característicos do metal e em certos momentos de inspiração glam, são continuamente suportados pela inclusão de efeitos sonoros electrónicos com alguns synths rave, fazendo esta amálgama de sons soar a uma mistura algures entre a EBM, ópera e hinos situacionistas, sempre acompanhados da beleza dura da língua alemã como suporte.
“Wir halten das Tempo” (traduzindo, “mantemos o ritmo”) é o lema desta digressão baseada no best-of “Made In Germany 1995-2011”, e que leva a banda a actuar como cabeça-de-cartaz em alguns dos grandes festivais europeus e salas de grandes dimensões.
Com uma imensa nuvem de fumo branco, fomos “engolidos” com o objectivo de também nós fazermos parte do espectáculo. De seguida, e sem esperarmos, surge Till Lindemann (vocalista) descendo de uma plataforma suspensa, como se de um ser fantástico se tratasse, criando desde logo um clima intimidante com os seus súbditos (espectadores). Seria com o tema «Ich to dir weh» que o “inferno” tomaria forma.
O cenário apocalíptico a as vestes sorumbáticas a rondar o sado-maso serviriam de elementos conciliadores às inúmeras explosões, chamas e fogo-de-artifício tão característicos nos Rammstein. Seria com temas como «Ache zu ache» ou «Feuer frei!» que o ambiente aqueceria, comungando o público de um ritual de excentricidades com o tema «Mein teil» – encenando-se um cozinhado humano desempenhado por Till e Flake (teclista). Ao som do piano, os ânimos refreavam com o tema «Mein Herz brennt» (em português, “o meu coração arde”), cantado de forma intensa e sofrida.
Seguir-se-ia uma trilogia de sucessos: «Du riechst so gut», «Links 2-3-4» e «Du hast», que seriam de forma efusiva entoadas pelos milhares que se fizeram sentir no local. Das cinzas ainda viria um encore composto por «Sonne», «Ich will» e «Pussy» – celebração final com a encenação de um orgasmo materializado através do uso de um canhão de espuma. Assim terminaria o concerto de uma banda que não tem problemas em gerar polémica, descurando as críticas de que são frequentemente alvo por diversas organizações conservadoras e moralistas.
A primeira parte esteve a cargo do DJ Joe Letz, dos Combichrist, tocando temas dos Rammstein remisturados com influências do techno e do dubstep.
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