Um Ano Sem Ti

Um Ano Sem Ti

Um reencontro de nós próprios

As outras pessoas podem ser o nosso melhor desafio. Principalmente quando precisamos de ultrapassar a ausência delas. Um ano sem ti é um espetáculo sobre como 3 amigos lidam com a perda de alguém importante. Alguém que é casado com Mónica, mas que ao fim de dez anos descobre que ainda tem sentimentos pela sua melhor amiga Luísa e que possui um “sorriso de meia lua” que encantava Jorge secretamente. Jorge, que decide tomar conta de Mónica depois de esta ter enviuvado e Luísa, que que ver a amiga a levar a vida como levava antes do acidente que levou o homem que amava. Ou que ambas amavam. O início é confuso, começa com Henrique – o falecido. Não se percebe logo muito bem o que é que este personagem faz em palco e creio que, de alguma forma, isso serve como estratégia para prender o espetador à história.

João Ascenso, autor e encenador, revela que pegar neste texto três anos depois de o ter escrito, foi como “encontrar alguém de quem gostamos mas que não víamos há muito tempo”, e que voltou a encontra-se no texto durante os ensaios. O trabalho dos atores leva a que simpatizemos com as suas personagens e tem a capacidade de tanto provocar o riso como umas lágrimas (de forma equilibrada). Mas neste caso, é preciso dar mérito ao texto que dá um empurrãozinho para que isso aconteça. Isto sem querer tirar créditos ao trabalho dos atores, que mostram claramente que estão comprometidos com o enredo. Nos momentos em que as personagens se viram para o público para confessarem o que pensam e sentem, o desenho de luz entra em ação e apresenta-se como um elemento indispensável à compreensão da trama. Como fundo, vemos um cenário simplista que quase não sofre alterações (a não ser o abrir de uma caixa de cartão e o colocar de um tabuleiro em cima da mesa) até porque tudo acontece numa única cena e corresponde a um dia: ao dia em que faz um ano que Henrique morreu, justificando a escolha do nome deste espetáculo e a imagem do cartaz.

A compreensão do espetáculo funciona como peças de LEGO que vão formando uma estrutura coerente à medida que as peças se vão encaixando. No final, há uma ligeira sensação de se estar a assistir a um episódio de Ghost Whisperer, mas sem uma Melinda Gordon para ajudar o espírito a encontrar a luz. Pelo contrário, a luz apaga-se sobre Henrique, como se este estivesse a ir embora, quando percebe que Mónica começa a recuperar-se. Porém, não deixa de ser um argumento que toca num aspeto sensível pelo qual todos passamos eventualmente: aprender a lidar com a perda de uma parte das nossas vidas e a ver como os problemas em comum podem iluminar amizades perdidas.

Estreado a 4 de fevereiro e para um público de maiores de 12 anos, este espetáculo estará em cena até dia 28 de fevereiro no Espaço Escola de Mulheres.

 

Ficha Artística e Técnica:

Autoria e Encenação: João Ascenso
Interpretação: Isabel Guerreiro, Pedro Barroso, Raquel Rocha Vieira, Ricardo Lérias
Cenografia: Francisco Peres
Figurinos: João Ascenso e Ruy Malheiro
Desenho de Luz: Paulo Santos
Sonoplastia: MetalBox
Cabelos das actrizes: Pedro Robeiro Hair Design
Design Gráfico: Luís Covas
Fotografia Cartaz: Paulo Simões
Fotografias ensaios: Tomás Monteiro
Produção: Buzico! Produções artísticas
Equipa de produção: Ruy Malheiro,  André de La Rua, Duarte Nuno Vasconcellos



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