Until Dawn | Análise
A luta pelo final perfeito.
A cargo da Supermassive Games chega Until Dawn, em exclusivo para a Playstation 4. Trata-se de um jogo de terror com uma forte narrativa aliada a um enorme poder de decisão, designado como Butterfly Effect (efeito borboleta), promete oferecer ao jogador uma experiência arrebatadora. Contem com muitos perigos, tensão e muito horror neste jogo onde as nossas decisões, por muito pequenas que pareçam, podem dar lugar a momentos… bastante complicados. Ou não! Lá está, tudo depende das decisões que formos tomando ao longo da história do jogo. O destino das oito personagens do jogo está literalmente nas nossas mãos!
Muito resumidamente, para não vos estragar nada da história, um ano após o desaparecimento das gémeas Hannah e Beth, um grupo de 8 amigos decide reunir-se onde tudo aconteceu: uma cabana isolada nas montanhas de Blackwood Pines. Será ao longo de 10 capítulos (11 se contarmos com o introdutório) que vamos acompanhar a aventura destas personagens. Em Until Dawn não vamos dar de caras com os habituais puzzles oferecidos pelo género Survival-Horror. A acção deste título joga-se de duas formas. Primeiro temos a, aqui sim, tradicional exploração dos vários cenários de Blackwood Pines. Neles vamos recolher uma série de pistas, algumas podem ajudar-nos a perceber um pouco mais da história sobre este local e outras podem até vir a ajudar-nos a decisões bem importantes. Quando não estamos a explorar, o jogo assume um aspecto cinematográfico com sequências, muitas vezes, de cortar a respiração. Nelas vamos encontrar sequências QTE (Quick Time Events) bem ao estilo de Heavy Rain, muito bem executadas e que mantêm o jogador colado ao ecrã sempre com uma enorme tensão. Nestas sequências alia-se novamente o nosso poder de decisão. Muitas vezes o tempo urge e num curtíssimo espaço de tempo temos de tomar uma decisão que irá conduzir a personagem que estamos a controlar a um porto de abrigo ou a uma morte certa.
Como podem ver, neste jogo de aventura e Survival-Horror as nossas armas são sobretudo a nossa agilidade nas várias sequências interactivas e a nossa intuição face às várias decisões que teremos de tomar. As consequências podem não ser imediatamente visíveis mas acreditem que perdem pela demora. Esquerda ou direita? Será que investigo aquele barulho? Devo seguir aquele vulto ou simplesmente ignorá-lo? Este é apenas a ponta do iceberg de decisões que teremos de tomar e se estivermos, por exemplo, à procura de alguém, podemos ou não chegar a tempo. Quando as personagens interagem entre si, se desiludirmos ou formos “menos agradáveis” para uma das oito personagens, acreditem que se irão sentir tentados, quando vierem a precisar da sua ajuda mais tarde… Talvez não esteja lá ninguém para vos dar uma mãozinha. O “efeito borboleta” está sempre presente e por isso tenham cuidado, especialmente se quiserem chegar ao final com todas as personagens vivas. Não, não consegui e sim é possível. Já vos disse que podem até haver momentos em que não tomar uma decisão é a melhor opção? Não? Fica a dica.
A narrativa do jogo é sem dúvida um dos pontos fortes deste jogo. De início a história chega até nós repleta de clichés e, atrevo-me a dizer, bastante aborrecida. Os dois primeiros capítulos servem para introduzir as várias personagens com as quais vamos interagir e, se tudo correr bem, que mais tarde iremos controlar. Vai ser difícil não franzir o nariz a tanta… gaiatice. Piadas de cariz sexual, bocas entre as várias personagens, enfim… No entanto, lá para o final do terceiro capítulo já não consegui largar Until Dawn. Apesar de continuar a aposta nos Jump Scares, bem ao estilo dos filmes de terror de série B, os momentos de real terror começam a aparecer em catadupa e a adrenalina, tal como a tensão, não deixam de estar ao rubro.
A morte de uma personagem significa apenas isso. Não há Game Over e a história segue o seu rumo adaptando-se à sua trágica, muitas vezes visceral, perda. É impressionante como o jogo coloca literalmente a vida dos 8 protagonistas do jogo nas nossas mãos. Vamos passar horas com elas, vamos reparar que com as nossas decisões, a sua postura, o seu modo de encarar as coisas mudou. Vamos reparar que as personagens cresceram. Até que por um simples erro, uma decisão errada… Puf… Auto Save… “The show must go on”.
No que diz respeito ao grafismo do jogo, este é um campo onde Until Dawn não desilude e percorrer na totalidade os vários cenários do jogo, mais do que um deleite para os olhos, depressa se torna uma obrigatoriedade. Como disse em cima, é a explorar que podemos recolher pistas sobre o que realmente se passa, ou passou, em Blackwood Pines mas Until Dawn não se fica por aqui. Por vezes, podemos dar de caras com Totems. Há vários tipos diferentes, estão espalhados pelos vários cenários do jogo e oferecem-nos uma premonição muito breve de eventos que poderão ou não ocorrer. No caso dos Death Totems podemos ver como poderá morrer a personagem que controlamos, só que os Fortune Totems podem revelar uma tomada de decisão com resultados positivos. Há mais tipos diferentes e não posso deixar de recomendar que os encontrem na medida em que no caso de Until Dawn mais informação nunca é demais.
Finalmente, além dos cenários, não posso deixar de destacar a captura facial aliada à fantástica interpretação dos actores e actrizes (como Hayden Panettiere e Peter Stormare, por exemplo) que emprestam o seu corpo e voz às personagens do jogo.
Until Dawn mostra que ainda há espaço para inovar no género Survival-Horror. A luta pelo final perfeito vai manter os jogadores colados ao ecrã na medida em que realmente a vida das personagens do jogo está inteiramente nas suas mãos. Com um efeito borboleta sempre presente nunca se sabe quando é que as consequências das nossas decisões se irão fazer sentir. Preparem-se para uma forte narrativa com reviravoltas interessantes e momentos de terror onde será impossível não soltar um forte palavrão contra a televisão. O Halloween está quase aí e se são fãs do género, têm aqui um poderoso filme de terror que não podem deixar de jogar!
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