“A Casa Vermelha” | Mark Haddon
Foto de família
Se pararem um pouco para pensar na quantidade de filmes, livros ou músicas que foram já criados para falar dessa instituição chamada “família”, é provável que vos venham à cabeça alguns nomes. Da família perfeita à família disfuncional, muitas foram já as abordagens tentadas para desvendar essa imensa teia onde cabem, ao mesmo tempo, o amor e o ódio, o orgulho e a inveja, a recompensa e a vingança.
Mark Haddon começou por escrever livros infanto-juvenis, tendo alcançado o estrelato com “O Estranho Caso do Cão Morto”, o romance de estreia que lhe valeu uma imensidão de prémios, incluindo o Whitbread Book of the Year (agora designado de Costa Book Award) ou o British Book Award.
Em “A Casa Vermelha”, livro com edição nacional pela Editorial Presença, Haddon tira um retrato de grupo a uma família problemática. Após a morte da mãe, Richard decide reaproximar-se da irmã Angela – com quem não terá passado mais de uma tarde nos últimos quinze anos -, convidando-a e à sua família para passarem juntos uma semana de férias numa casa junto à fronteira galesa, cercada por campo a perder de vista.
O livro gira em torno de duas famílias aparentemente inconciliáveis, obrigadas a partilhar um espaço comum durante o que parece ser uma pequena eternidade. Por entre várias referências musicais – dos Pink Floyd a Michael Jackson -, Haddon confere a cada personagem um discurso que é como que uma sessão de psicanálise interior, revelando todos os seus medos, fobias, desejos e sombras.
Retrato a preto-e-branco de duas peças familiares que não encaixam, “A Casa Vermelha” é, de certa forma, uma história de redenção e descoberta, que mostra que, por vezes, é ao lidar com a estranheza da árvore genealógica que acabamos por descobrir uma parte de nós que havia ficado adormecida ou muito recalcada.
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