“Rico, Oskar e as Sombras Escuras” | Andreas Steinhofel

“Rico, Oskar e as Sombras Escuras” | Andreas Steinhofel

Carta de apresentação ao género policial

Poderá um livro para crianças ter um início a fazer lembrar um delírio Kafkiano? “Rico, Oskar e as Sombras Escuras” responde de forma afirmativa, com um parágrafo inicial centrado num pedaço de massa penne caído no passeio.

Neste livro de Andreas Steinhofel – autor premiado que, para além de livros juvenis, escreve também para televisão, rádio e trabalha como tradutor e crítico literário – seguimos os passos de um improvável aspirante a detective: Rico, um rapaz de oito anos que sofre de um ligeiro autismo, para quem distinguir a direita da esquerda é algo semelhante a um daltónico apontar correctamente o amarelo entre o verde e o azul.

Rico vive num prédio urbano e tem uma atracção especial em entrar na casa dos vizinhos, excepto na do Sr. Fitzke, um vizinho de aspecto nojento que não larga o seu pijama mal-cheiroso. Em compensação, e dado que a mãe trabalha num clube de diversão nocturna, passa a vida em casa da Sr. Dahling, onde come canapés e vê filmes de amor ou policiais (os seus preferidos). Apesar do seu pequeno “atraso”, Rico é responsável por muitas das tarefas domésticas, como ir ao supermercado para abastecer o frigorífico de géneros alimentares. Num desses curtos passeios – perde-se facilmente se se desviar da rota habitual, quase sempre a direito – conhece Oskar, um rapaz genial que, ainda assim, esconde alguns medos, andando sempre de capacete para prevenir males maiores ou menores.

Quando Oskar é raptado pelo Mister 2000, provavelmente o raptor de crianças mais esperto de todos os tempos – devolve os catraios por quantias módicas à volta dos 2000 euros, o que geralmente afasta a polícia do assunto -, Rico terá de puxar pela sua veia detectivesca para encontrar o amigo antes que seja tarde demais, pois o pais deste decidiu não pagar o singelo resgate e meteu a polícia ao barulho.

Com uma boa dose de humor, “Rico, Oskar e as Sombras Escuras” serve de carta de apresentação aos mais pequenos para, daqui a uns anos, se tornarem fervorosos amantes de uma boa história policial.



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