“No Canto Mais Escuro” | Elizabeth Haynes

“No Canto Mais Escuro” | Elizabeth Haynes

A obsessão do medo

Para quem tem por hábito passar os olhos por jornais como o Correio da Manhã ou O Crime, ou mesmo acompanhar os flashs noticiosos em qualquer canal informativo, sabe que a violência doméstica provoca, anualmente, muitas mortes.

Elizabeth Haynes, analista dos serviços secretos da polícia britânica, pegou no tema da violência sobre as mulheres para escrever “No Canto Mais Escuro” (Editorial Presença, 2013), uma brilhante estreia da escritora inglesa no domínio da ficção.

A acção tem início no Tribunal da Coroa de Lancaster, no ano de 2005, no dia em que Lee Anthony Brightman está a ser julgado por violência sobre Catherine Bailey. Depois desse preâmbulo, que inclui ainda a imagem de um assassínio a sangue-frio, iremos acompanhar, ao estilo de entradas de diário, a vida de Catherine em dois momentos absolutamente distintos – 2003 e 2007 -, assistindo a uma total transfiguração no que diz respeito à mente humana e aos comportamentos do dia-a-dia.

Em 2003 Catherine é uma mulher confiante, uma bem-sucedida gestora de recursos humanos no auge da sua sexualidade, com muitas amigas de copos e conversas sérias. Porém, a partir do momento em que conhece Lee Brightman, a sua vida será lentamente virada do avesso. Aos poucos, a sua auto-estima vai enfraquecendo, ficando subjugada por um medo com contornos obsessivos-compulsivos, onde já não há espaço para a alegria e o caminho para a fuga parece não passar de uma ténue miragem.

Haynes explora de forma sublime a vivência do medo, num combate desigual onde a insanidade está ao virar da esquina. Thriller soberbo com muito de drama e ainda mais suspense, “No Quarto Mais Escuro” lança o debate sobre a sociedade moderna e os ideais da justiça, onde muitas vezes os praticantes da violência são deixados do lado de fora até ser tarde demais.



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