Belle & Sebastian
A história, os discos e a reportagem do concerto de Lisboa.
No dia 17 de Julho sobe ao palco do Coliseu dos Recreios de Lisboa uma das bandas mais emblemáticas da dita indie pop mundial. Os escoceses Belle & Sebastian viajam até ao nosso país para apresentar o seu mais recente disco de originais, “The Life Persuit”, e um enorme rol de grandes canções que durante os últimos dez anos têm marcado a música popular mundial. A primeira parte do concerto está a cargo dos Pop dell’Arte, uma das maiores referências da pop nacional dos últimos 20 anos e que têm nesta noite oportunidade de tocar num dos maiores e mais importantes palcos do país. A rua de baixo tem uma grande surpresa para todos os seus leitores. Para isso estejam com atenção aos próximos parágrafos.
A GÉNESE DO CULTO
Tudo começou quando Stuart Murdoch e Stuart David estavam a estudar música e conheceram-se por acaso. Murdoch, para finalizar o curso, necessitava de gravar um trabalho e David ajudou-o a recrutar uns amigos. Estavam formados os Belle & Sebastian (nome de duas personagens de uma série francesa de livros infantis): Murdoch (voz e guitarra), David (baixo), Isobel Campbell (Violoncelo e voz), Chris Geddes (Teclados e piano), Stevie Jackson (guitarra e voz) e Richard Colburn (bateria). A banda gravou um single para o trabalho de Murdoch, principal vocalista da banda, tendo dado “o pontapé de saída” para uma carreira de sucesso que já conta com dez anos e milhares de fãs e seguidores.
Contentes e até surpreendidos com o bom resultado, os seis escoceses resolveram gravar um álbum. Em Abril de 1996, editaram “Tigermilk”, tendo disponibilizado apenas mil cópias em vinil, tornando essa edição uma verdadeira raridade. “Tigermilk” foi vendido nos pequenos concertos que a banda conseguia agendar em Glasgow e distribuído pelos amigos. Tinham planos de gravar apenas dois discos. Porém, algo começou a acontecer. A crítica inglesa passou a endeusá-los, mas ninguém conseguia imagens ou entrevistas da banda, o que aumentou ainda mais o culto. Os escoceses receberam inúmeras propostas de inúmeras majors, mas, com medo de perder a liberdade criativa, assinaram com a pequena Jeepster.
No começo de 1997, lançaram a obra-prima “If You’re Feeling Sinister”, ainda hoje considerado o melhor disco da banda. Além de Inglaterra, o culto começou a estender-se a toda a Europa. Lançaram alguns singles e EPs, tendo em 1998 editado o terceiro disco, “The Boy With The Arab Strap”. Com tanta adoração e pressão da crítica, começaram a surgir mais em público, concedendo mais entrevistas e agendando mais concertos.
O PÓS-2000
No ano 2000 editaram o EP “Legal Man”, um registo diferente dos anteriores e que serviu para preparar o trilho para o lançamento seguinte: “Fold Your Hands Child, You Walk Like A Peasant”, quarto álbum, editado em Junho do mesmo ano. Recebido pela crítica e pelo público como sendo o disco mais “comercial” da banda, o disco prosseguiu todos os fundamentos da banda: criação de sublimes canções pop. Nesta época, o baixista Stuart David deixou a banda e foi substituído por Bob Kildea.
Com o inédito sucesso comercial, a banda resolveu fazer uma tourneé mundial, tendo actuado um pouco por todo o mundo. Em 2002, lançam o disco “Storytelling”, que serve como banda sonora para o filme homônimo de Todd Solondz. Durante a passagem da banda pelos Estados Unidos da América, Isobel Campbell deixou o conjunto e resolveu iniciar uma carreira a solo, que tem sido bastante interessante. Ainda nesse mesmo ano, a banda deixou a Jeepster e resolveu assinar com a Rough Trade/Sanctuary. Em troca, os B&S deixaram nas mãos da Jeepster o direito de lançar um DVD.
No final de 2003, é editado “Dear Catastrophe Waitress”, mais uma vez muito bem recebido pela crítica e que continua a surpreender todos pela sua simplicidade e sublime leveza pop. Em Janeiro de 2004, a Jeepster editou o DVD “Fans Only”, que cobre a carreira dos Belle and Sebastian de 1997 a 2003. A compilação do DVD ficou a cargo de Blair Young e conta com entrevistas, pedaços de concertos, cenas de bastidores, vídeos do início da carreira e aparições na TV. Em 2005, é lançada a colectânea “Push Barman to Open Old Wounds”, um álbum duplo contendo todas as músicas lançadas em EP’s.
THE LIFE PERSUIT
Os Belle & Sebastian de 2006 já não são segredo para ninguém. A banda que começou por ser um culto para um número reduzido de pessoas, já não pretende passar despercebida. Esta “mediatização” não belisca de forma alguma a sua genialidade na criação de sublimes canções pop e o seu contacto directo com os fãs. “The Life Persuit” é o disco que a banda traz a Portugal e dá sequência à influência da música dos anos 70 iniciada em “Dear Catastrophe Waitress”.
Repleto de canções sublimes, imagem de marca da banda de Glasgow, “The Life Persuit” não deixa nenhum fã desiludido e abre “portas” a muitos outros que começam agora a conhecer uma das bandas mais influentes da pop mundial. Este registo mostra uma banda mais coesa, onde todos os elementos são imprescindíveis, todos contribuem para uma finalidade e todos se revêem nas músicas produzidas. A banda de Glasgow, deixou de ser “um grupo de pessoas rendidas ao génio de Stuart Murdoch” e hoje são definitivamente os Belle & Sebastian.
O CONCERTO
O concerto de dia 17 de Julho no Coliseu dos Recreios de Lisboa promete ser memorável. É uma oportunidade única de ver em palco uma das bandas mais importantes da música mundial dos últimos dez anos.
A primeira parte ficará a cargo dos Pop dell’Arte, uma das maiores referências da pop alternativa e “irreverente” nacional, que recentemente editaram uma compilação albergando alguns dos seus temas emblemáticos. “Poplastik” será o mote para a actuação da banda de João Peste, que servirá de aperitivo para o prato principal da noite.
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