NOS x CRUZ VERMELHA

Expresso Transatlântico e Fat Freddy’s Drop @Ageas Cooljazz (30.07.2024)

Terça-feira, 30 de Julho. O penúltimo dia desta 20ª edição do CoolJazz. Um dia-promessa. Uma noite-comprometida. A música no seu expoente de vibração. A música como arquétipo da criação. O convívio pleno num estado de absoluta entrega. Os pés no chão, o olhar nos outros e o coração levado pela escuta. É assim este Festival. Tem sido assim este Festival. E, creio que, permanecerá assim este Festival. Ouvem-se melodias instrumentais pelas ruas e cruzamentos do recinto, anunciando-se a festa (sempre) porvir. Um anoitecer que se faz âncora porquanto alegre e cheio de harmonias e ritmos. 

Pelas 21h15, no Palco Ageas, Expresso Transatlântico chegam e fazem estremecer o solo que pisam. Será uma «Ressaca Bailada» desde o início. E, «Porque Nada tem um Fim» (o mais recente single), ficaríamos agarrados às suas sonoridades de uma forma tão íntegra como se tal fosse significado do maior bem-estar. Expresso Transatlântico é poesia – na forma como incorporam melodias várias (desde as mais tradicionais às mais contemporâneas); no modo como abraçam a musicalidade (despertando experiências sensoriais tão lindas e tão vastas); e na maneira como encaram o tempo e o espaço (é quase um interstício). A banda estava composta por seis elementos, na percussão, na bateria, no baixo, na guitarra americana, na guitarra portuguesa, no piano/trompete e outros. Foi um concerto-viagem, belíssimo em tudo o que podia ser. Desde a «Azul Celeste» e a «Alfama, Texas» (do EP de estreia), à «Bombália» e à «Beco da Malha» (do primeiro álbum lançado em 2023), Expresso Transatlântico conseguiram surpreender-nos a cada momento, num sustento de respiração que foi valendo a pena até ao fim. Gaspar Varela e Sebastião Varela ainda homenagearam a bisavó (a fadista Celeste Rodrigues) e o Pedro Gonçalves (dos Dead Combo, com a música «O Gangster (Canção para Dead Combo)»). Todos bailámos, dançámos e vivemos. 

Às 22h30, no mesmo palco, é a vez de Fat Freddy’s Drop fazerem ‘explodir’ o ambiente que ocupam. E que imensidão – na gente que os quer ouvir; e no som que eles querem partilhar. A banda neozelandesa começou por anunciar que lançaria um novo álbum em Outubro do presente ano, o que colocou sorrisos ainda mais alargados nas caras de quem ali estava. Simultaneamente, pediram, desde logo, que toda a gente se levantasse, para nos movimentarmos livremente ao ritmo das músicas. Fat Freddy’s Drop encheram-nos de energia boa, gerando-se ondas de compreensão mútua para lá do que é enigmático e inacessível a ‘olho nú’. A magia da música acontece quando sentimos que estamos na mesma frequência – e este concerto foi isso mesmo. «Special Edition» e «Blackbird» estiveram entre as músicas tocadas e cantadas. Foi (muito) bonita a festa. 

Obrigada, CoolJazz. Oxalá nos vejamos para o ano!

 

 

 



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