marquise_by_Ana_tavares

Marquise + Humana Taranja @ Musicbox (27.03.2025)

Foi rock, senhores, foi rock

Os Humana Taranja

São quase 21h e a casa vai ficando cada vez mais composta. É bom sinal para a enchente que se veio a verificar. Os Humana Taranja atravessam uma fase de afirmação, e tiveram inclusivamente o privilégio de inaugurar o Coliseu Club há poucas semanas, tudo por causa de “EUDAEMONIA”, o segundo álbum da banda do Barreiro, editado em Outubro passado. Hoje sobem ao palco do Musicbox para assegurar a primeira parte dos Marquise.

O quinteto do Barreiro arranca à hora certa e deixam desde logo claro ao que vêm. A banda passeia-se confortavelmente entre o rock e o pop de elevado teor emocional, conseguindo manter uma matriz comum. Isto foi uma forma pomposa de dizer que há uma identidade aqui. Porventura incompleta, mas definitivamente no bom caminho.

As canções de “EUDAEMONIA” enchem o peito ao vivo. Veja-se «BANHO QUENTE». «DIGO TUDO» é deliciosamente imprevisível nas suas mudanças de humor. O tempo urge e há que aproveitá-lo ao máximo, por isso há pouca conversa. É interessante observar como há coisas que são realmente nossas, que nos levam a identificar uma canção como portuguesa (para além de ser cantada em português) e a música dos Humana Taranja está repleta desses elementos.

«DEIXA ARDER» (desta vez sem Alex D’Alva Teixeira) aparece quase a fechar, vibrante e pulsante. Fechamos com «PODEM ENTRAR»: “Olá família, há muito que não vos via”, num diálogo constante entre o baixo e as guitarras.

Os Marquise

Os Marquise surgem no Porto em 2022 por Mafalda Rodrigues (voz), Miguel Azevedo (baixo), Matias Ferreira (bateria) e Miguel Pereira (guitarra).  Depois de um EP de estreia editado em 2023, eis que chegamos a “Ela Caiu”, que nos traz até aqui, com um mui interessante rock.

«Ofélia» confere um arranque suave. Se olharmos de forma simplista para estas canções temos pop rock. Simples. Mas isso não tem piada e é redutor face ao que estás canções oferecem. Identificamos elementos dos 90 e até dos 80, incorporados de uma forma inteligente.

«Não quero ser» teria sido um hit nos 90. Fácil. A bateria compassada, o riff que nos agarra. Está tudo lá. «Fauno» é um shoegaze em esteroides. Desejo sem fim. O arranque de «Boneco», canção do EP homónimo de estreia, é rock na veia. A marquise é uma zona da casa duvidosa, que muitas vezes começou como uma varanda (o desperdício!). Tudo vai lá parar; o que interessa, mas também o que não interessa. É magnética.

«Passado». O início podia ser uma canção dos Nirvana. Não o é, mas o refrão é cantado em conjunto. “O passado precisa de ajuda”

«Espanco de espírito» é mais um bom exemplo da procura dos Marquise por equilíbrio entre a melodia e a explosão. «Acordei Mal» leva-nos ao EP de estreia e foi um momento de celebração. “Não resististe / Eu até te tolero / Eu até / Eu até te quero”.

A «Delírios» segue-se «De alguém hão-de ser» traz o momento acústico, sem qualquer cliché, com o baterista Matias Ferreira a assumir as despesas.

“Ela cai, ela caiu, ela caiu, ela caiu”, canta Mafalda Rodrigues em «Nuvem», mas no fim todos fizemos o que tínhamos a fazer: levantamo-nos, porque é o mínimo a fazer. A «Cidade» tem altos e baixos e está sempre a exigir de nós: “a cidade ela não para”.

Foi rock, senhores, foi rock! E foi bom.



There are no comments

Add yours

Pin It on Pinterest

Share This