Mundo

Entrevista ao MC dos Dealema, responsável pela compilação “Lado Obscuro”, que reúne novos projectos do hip hop nacional

Mundo, MC e produtor do colectivo Dealema foi a cabeça pensante por detrás da compilação “Lado Obscuro” que reúne varias bandas novatas da cena hip hop lusitana. Foi esse Mundo que conversou connosco, humilde e simpático, condições indispensáveis para alguém que quer um protagonismo mínimo num projecto de louvar, pelo risco e pela experiência.

RDB: Queria que falasses um pouco do projecto “Lado obscuro” e qual foi o teu papel na sua concretização.

Mundo: “Lado Obscuro” é uma compilação que envolve cerca de 15 projectos, todos na fase na adolescência, tudo grupos que ainda estão no anonimato. O meu papel foi basicamente o de reunir as pessoas, fazer o registo das grava coes. Tentei não me envolver muito na parte da produção para dar o máximo de liberdade a cada grupo, o meu papel foi mais o de reunir, gravar e organizar o pessoal…

RDB: Mas és também o principal produtor…

Mundo: Faço mais ou menos 4 producoes…

RDB: Foram aquelas pessoas que não tiveram mais alternativas?

Mundo: Exacto, porque eu gostava que tivessem sido produzidas por produtores novos, pessoal novo que está a despontar… neste caso as únicas pessoas que não tinham mais alternativas… tive que tomar a mão na batida

RDB: Como foi o processo de selecção dos grupos?

Mundo: Não houve um grande processo de selecção, muitas das bandas já tinham ido tocar a festas que costumamos organizar aqui no Porto e são todos relativamente amigos, tudo gente que se conhece e que convive diariamente, ou seja, não houve assim grande processo, tentámos apenas reunir toda a gente que esta interligada. É normal que não haja lugar para todos, num cd nunca dá, mas acho que dentro do que pudemos recrutar, recrutou-se muita gente.

RDB: Não tiveste medo de que não houvesse grupos suficientes para fazer um disco consistente…

Mundo: O disco em si, se fosse feito com artistas mais velhos é óbvio que traria outro tipo de consistência, mas eu acho que este disco é um bocado mais de experiência, para que pessoas que estão a começar agora tenham a hipótese de sair para a praça e mostrar aquilo que fazem. Assim, quando lançarem um disco em nome próprio, as pessoas terão curiosidade em espreitar a evolução das bandas.

RDB: Foi assim que pensei quando ouvi o CD, não esperava nada bombástico…

Mundo: O que eu tento explicar às pessoas é que isto não e uma compilação como o rocka forte, nomes antigos como os Mind da Gap, Dealema, etc… O que tentei fazer foi mesmo reunir, dar liberdade à criatividade das pessoas, cada um puder mostrar aquilo que está a fazer no momento, para daqui a uns tempos terem um ponto de comparação.

RDB: Como e que surge a participação do Fuse? Nome antigo no meio de uma compilação de novatos?

Mundo: O Fuse numa das sessões apareceu lá, tinha uma letra, que era uma remistura duma música antiga, que já tinha entrado no Rocka Forte, gravámos e quando estávamos a seleccionar os temas para o “lado obscuro” pensámos, “temos ali o tema do Nuno, não vamos deixar isto no armazém”. Foi esta a postura, não houve grande critério de selecção, foi tudo muito espontâneo!

RDB: Não sentiste a necessidade de participar enquanto MC?

Mundo: A necessidade de participar surge sempre, existe sempre o bichinho, quero rimar, deixem-me escrever 16 rimas… só que eu não me quis envolver mesmo.

RDB: Ou seja, o Mundo mais como cabeça pensadora e menos como interveniente do HIp Hop…

Mundo: Exacto, foi mais na base da organização, o hip hop ficaria a cargo do resto das pessoas que já são muitas.

RDB: Quais são os teus futuros projectos enquanto elemento dos Dealema e não só?

Mundo: Neste momento tenho um projecto com o Xpiao dos Dealema, que é “terrorismo sónico”, que já tem 1 álbum na rua, de 2001. Estou acabar o meu disco a solo, que vou lançar ainda este ano. E estou na fase final de pré producao de Dealema.

RDB: Existe alguma possibilidade de este disco vir a ser apresentado ao vivo?

Mundo: Sim, estamos a organizar uma mini tour. Em principio não vão aparecer as bandas todas ao mesmo tempo porque é complicado, mas vamos tentar juntar muito pessoal e apresentar temas de cada banda que não sejam só os da compilação.



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