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Obey Clothing

A marca de roupa do gigante Shepard Farey.

Existem situações em que a moda transcende a ideia feita de que tudo o que se faz em nome dela serve única e exclusivamente para satisfazer a vontade de um mercado, guiado pelas máximas de venda, compra e consumo. Há alturas em que se esquecem tendências e ela torna-se uma espécie de objecto de intervenção, em que uma t-shirt ganha vida e se transforma num sticker colado ao corpo.  A Obey Clothing não é simplesmente uma marca de moda. É um pedaço do puzzle…de um “Giant” puzzle.

Tudo começou quando um dos hoje mais aclamados artista de rua, Shepard Farey era apenas um estudante de Ilustração na prestigiada Rhode Island School of Design na Carolina do Norte, EUA, em 1989. Embebido na cultura de rua americana do final dos anos 80, deixou-se influenciar pela cena de skateboarding e pelo punk, desenvolvendo a sua arte em dias passados com os amigos que habitavam a rua e faziam dela a sua tela.

E foi num desses dias, enquanto Shepard ensinava um amigo a fazer um stencil usando a imagem do lutador francês Andre The Giant, que nasceu a Obey. A imagem tornou-se um ícone e a arte de Shepard espalhou-se primeiro em muros de casas, ruas, em outdoors e depois pelo mundo, impulsionada pela campanha “Obey Giant”.

Shepard é hoje mundialmente conhecido e um dos mais importantes artistas impulsionadores do movimento street-art.

É apenas em 2001 que Shepard lança a Obey Clothing. Desenvolvendo o trabalho com diversos designers de moda como Mike Ternosky e Erin Wignall, transporta para a roupa a sua filosofia e arte. O processo de criação porém parece divergir daquele que o faz intervir nas ruas ainda hoje. É feita uma mistura de conceitos que, como se pode ler no site, se transformam num estilo “difícil de definir”.

Contudo, há sempre, como na colecção outono/inverno 2010 onde foi incluída um especial “Standard Issue denim program”, uma preocupação em manter o espírito da cultura americana do final dos anos 80 em que Shepard cresceu.

Não poderíamos deixar de falar do que Shepard conquistou, uma vez que a Obey Clothing faz parte de todo um universo criado pelo artista americano. Na verdade, Shepard viu na roupa uma nova tela e o que ele fez foi transportar para a roupa os seus stikers, stencils e posters. Mas a relação entre a moda e a arte é frágil e é aqui que reside o ponto de discórdia e a natureza de várias críticas que lhe têm sido levantadas.
Ainda que a natureza da Obey Clothing seja servir de veículo de intervenção e de manifestação artística é na comercialização da mesma e na produção em larga escala que as questões se levantam. Em entrevista Shepard desabafa: “As pessoas dizem que eu sou um vendido, eles acham que, de alguma forma, eu abandonei as minhas raízes”. De facto, muitos são aqueles que lhe apontam o dedo, defendendo que se afastou dos ideias punk de outrora, em que a sua arte era da rua, de índole contestatária e underground e se deixou levar pelo mercado, marketing e pela massificação. Há quem diga que a arte de Shepard, 20 anos depois, perdeu o encanto.

Contudo Shepard defende-se dizendo que “magoa-nos quando as pessoas não reconhecem que faço meu trabalho comercial com as melhores das intenções, de um modo ético, ainda com minha visão artística.”
Uma visão artística que o levou a ser mundialmente conhecido. E críticas aparte, quer através da roupa, quer nas ruas, Shepard continua ainda hoje a mostrar ao mundo aquilo que é a Obey.



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