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Samuel Úria @ Maxime

Dois improvisos e um concerto.

10 de Junho de 2010

Bem antes do espectáculo, membros d’Os Pontos Negros passeavam pelo recinto. Um dos membros do staff também trazia vestida uma t-shirt da banda de Queluz. Sabemos que Jónatas Pires e Filipe Sousa fazem parte da banda que acompanha ao vivo Samuel Úria. Não soubéssemos que também fazem parte de uma mesma (e unida) editora e a tendência era ficarmos baralhados.

Na primeira parte Felipe da Graça. Sabemos que é o nome de um músico, voz e guitarra do projecto, mas apresenta-se neste concerto no formato de power-trio, com bateria e baixo. A música perde-se nas fragilidades vocais de Graça, que as tenta disfarçar o máximo possível. Rock (em português, claro) influenciado pelo grunge, pelo punk e pela história do rock em geral – supomos que a conheça de uma ponta à outra. Notou-se alguma falta de rodagem ao vivo – perceberam-se algumas falhas. Para primeiro concerto a valer não terá corrido mal.

Depois, uma surpresa: subiram ao palco a dupla composta por Mendes e João Só, em estreia absoluta em palco. O duo tocou duas canções que vão buscar influências lá atrás, aos Beatles e a Rui Veloso. “Só soubemos que íamos tocar agora”, disseram no intervalo das duas canções que apresentaram. Não se notou.

Também surpreendente foi a actuação de Samuel Úria. Sabemos que, à excepção d’Os Pontos Negros, B Fachada e Diabo na Cruz, os músicos da FlorCaveira não fazem mais que um concerto por trimestre, mas a confissão de Úria não deixou de causar espanto: “Não preparei nada. Este concerto vai ser estranho, tal como o disco”.

Quatro canções, simples e acessíveis – Samuel sozinho em palco com guitarra acústica e um conjunto de experiências inéditas. Logo na primeira, depois do refrão, atirou: “agora não me lembro da segunda estrofe”. Na seguinte explicou que é uma canção de 2000, tocada apenas uma vez, no momento da gravação – diz Samuel que havia um minuto de fita para ocupar e que, na altura, soltou o improviso: “Os ratos não merecem a redenção / Não merecem nada / Sou um Rato e não mereço nada”. “E aqui a fita acabou e não precisei de improvisar mais”, completou bem-disposto.

No Maxime sentia-se um inexplicável ambiente de reverência, a mostrar que aquelas pessoas estavam ali para ver e ouvir Samuel Úria – não obrigatoriamente o que temos em disco.

Para acabar chamou Silas Ferreira, Filipe Sousa e Jónatas Pires, que Úria apresentou como “Os Pontos Negros nos dias bons, a minha banda nos dias maus”. E aí sim, houve electricidade, rock n’ roll e algum tempo de ensaio.



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