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StreetDance 3D

Musical a três dimensões.

Ou melhor, dança a três dimensões. A verdade é que os Musicais da Idade de Ouro do Cinema Americano, tinham tanto de cantoria como de dança, e a dança sempre se deu bem com o cinema. “Streetdance 3D” não será um musical em stricto sensu, mas é um seu descendente, um descendente moderno e “p’rá frentex” (a expressão menos moderna do mundo).

Seria fácil ridicularizar o filme, pela narrativa simplista e repetente (já vimos esta história umas mil vezes) – que é um simples pretexto para a dança, pelos personagens mal desenhados e estereotipados, pela realização e montagem semelhantes a todos os vídeos de música existentes, o que acarretaria ser injusto. Os seus criadores têm perfeita consciência disso tudo, e nem tentam escamoteá-lo ou tentar fazer passar o filme por uma coisa que não é. “Streetdance 3D” é divertimento puro, e resulta muito bem como tal, são poucos os momentos maçadores (que é o melhor elogio que se pode fazer a um filme deste tipo).

A história é a da costumeira atracção dos postos, neste caso um grupo de dançarinos de rua, prestes a entrar na competição inglesa de danças de rua, que se vê obrigado a incorporar bailarinos clássicos. Claro que tudo começa mal e claro que tudo acaba bem. É um hino ao multiculturalismo inglês (demasiado optimista, talvez) e à ideia de dança como uma coisa não estanque (que é apreciável). E a escassez de enredo, ou o seu ridículo, encontra muitos semelhantes em clássicos do Musical (não que se possam comparar os grandes filmes da MGM a “Streetdance 3D”).

Depois há as curiosidades, uma das crews de dança de rua que aparece no filme foi a vencedora do Britain’s Got Talent de 2009 – programa caça-talentos parecido com os Ídolos – tendo batido na final a famosa Susan Boyle, nenhum dos actores do filme (rapazes e raparigas) tem a fisionomia da Susan Boyle, o que dá jeito, há ainda muita música de dança inglesa. grime incluído, o que é sempre bom, e, por fim, é em 3D. É o primeiro filme não-americano nesse formato, e nota-se que foi feito para ele, o que não acontecia em muitos filmes que foram lançados no formato, caso do último Tim Burton “Alice no País das Maravilhas”.

O 3D pode vir a ser uma mera curiosidade passageira – mas não contemos com isso – no entanto tem as suas potencialidades: a estética video-clip ganha outra dimensão (ah ah) com ele, e pode vir a dar novo fulgor aos filmes musicais, que sempre foram de encher o olho. A maneira como está filmado pode não agradar aos puristas, que preferem um plano que deixe ver o corpo dos dançarinos, mas isso seria cair no jogo de querer estancar as formas, que não costuma dar bom resultado.

Bem vista as coisas, “Streetdance 3D” não passará de um filme para se ver aos domingos à tarde (daqui a uns tempos, quando a TV 3D estiver generalizada), mas a sua “magreza” ganha as pontos a muitos filmes de prestígio balofos a fazerem-se de importantes que andam por aí.



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