Festival TODOS 2012
Do Intendente ao Poço dos Negros
A quarta edição do Festival TODOS apresenta-se de novo sob o signo da interculturalidade em Lisboa, mas desta vez com uma novidade de alargamento territorial. Depois de ter dedicado três edições exclusivamente ao bairro que une a Mouraria ao Martim Moniz e ao Intendente, desta vez abalança-se a estender a sua programação a uma outra zona de Lisboa: S. Bento e o Poço dos Negros. A História da chegada e presença de comunidades africanas naquele bairro é antiquíssima. Hoje, este bairro caracteriza-se por ter uma população cosmopolita, que convive nas ruas apertadas e íngremes que se encaminham sempre para o imponente edifício do parlamento. Indianos e paquistaneses, brasileiros e africanos, estudantes de todas as nacionalidades vindos através do programa Erasmus, trazem a este bairro que também mantém as suas tradições portuguesas, na arquitectura, nas antiguidades e velharias, nos cafés, barbeiros, e os seus residentes, uma atmosfera que cruza ventos do oriente com os do ocidente, num lugar que dá vontade de conhecer melhor.
A programação prolonga-se, pela primeira vez, por dois fins-de-semana. O público é convidado a vir e a voltar, para seguir uma rota de espectáculos de grande público e de intimidade, de experiências gastronómicas que desta vez alcançam Timor, Xangai, Cabo Verde, o Alentejo, a cozinha europeia e Goa. Haverá Teatro com culinária na Casa do Minho. Um baile oriental, para dançar com residentes asiáticos que vivem na Mouraria. Haverá peças de pequeno formato de Teatro e Dança em lojas e restaurantes para as crianças acompanhadas de adultos. Uma orquestra de pequenos músicos acenderá as emoções de uma bailarina na Rua de São Bento…
Os espectáculos nesta edição foram especialmente escolhidos a pensar na história já percorrida deste TODOS. Será que um festival tem uma personalidade que nasce e amadurece? Será que um festival tem um corpo com braços que se estendem para além de si? Será que o TODOS será cada vez mais de TODOS?
Na Mouraria ecoará na noite de abertura o som da orquestra TODOS que, ao lado da Orquestra di Piazza Vittorio, fará o maior concerto de todos os TODOS. O Circo MANDINGUE que chega da Guiné Conacri traz-nos a força incrível da África Negra que se mostra nas danças contorcionistas e acrobáticas desta trupe impressionante de bailarinos. Haverá um conjunto de propostas para que pessoas do bairro, pessoas de toda a Lisboa e públicos, possam “meter as suas mãos na massa” do festival. ARRAIAL, será um exemplo: um espectáculo de dança e música ao vivo da Companhia Circolando traz à Mouraria o universo das festas do norte de Portugal, que contará para além da participação de oito bailarinos e a banda Dead Combo, com cinquenta residentes de ambos os bairros, pessoas e crianças oriundas de todos os cantos do mundo. A companhia francesa Kumulus irá abrir o segundo fim-de-semana do TODOS num parque de estacionamento perto do Poço dos Negros, em Santos, com um espectáculo que fala do desabamento do valor humano, das cidades do lixo e da vida invisível de uma polis aparentemente desmoronada. Um espectáculo pungente e dotado de uma actualidade desarmante.
O TODOS está aí, para viver a cidade por dentro. É no interior deste festival, agora com braços, que a respiração do mundo que vive em Lisboa se sente melhor. Não hesitem, venham e tragam todos convosco.
Toda a programação aqui.
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