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XX Festival MED | Dia 3 (29.06.2024)

Embora não se registassem engarrafamentos, fora ou dentro do recinto, era notório o maior número de pessoas a confluir para o festival louletano no Sábado, como sempre sucede (aqui ou qualquer lado, arriscamos).

Um bom local para aquilatar essa maior plateia foi a relva defronte ao Palco Chafariz, na qual imensa gente se sentou para assistir à performance conjunta de Eneida Marta e Huca. A cantora guineense arrancou sozinha em palco, na soa toada bem calma, mas com temáticas fortes a serem cantadas, principalmente reflectindo sobre a realidade do seu território de origem. Huca deu azo a uma etapa mais vigorante do concerto, com a sua energia natural, e o espantoso instrumento musical que é a sua voz. Realce natural para o momento de homenagem a Sara Tavares, música com que este moçambicano de origem, e a viver em Portugal, concorreu ao Festival da Canção deste ano, que emocionou por certo todos os presentes.

Na única ida deste ano ao espaço do Palco Castelo, apreciámos um dos melhores trabalhos dos últimos tempos: “Sensoreal”. Após o maravilhoso EP de estreia, Rita Vian conseguiu expandir o espectro do seu som sem perder pitada do cunho da sua composição. Adicionou-lhe mais elementos acústicos a juntar à base electrónica da maioria das canções, e liricamente mergulha em águas frágeis e mundanas. O público não queria ir embora e, num acto raro em festivais, Rita Vian proporcionou um encore, durante o qual repetiu, provavelmente, a melhor música nacional do ano passado, “Podes Ficar”.

Calcorreamos pelas movimentadas ruas antigas que compõem o parâmetro do Festival MED em direcção ao Palco Matriz. Naquele largo, apesar da vasta multidão, que tornava o espaço algo exíguo, todos conseguiam ainda assim bambolear, dando largas à irresistível sensação que os veteranos Tabanka Djaz provocam naturalmente. É fenomenal quando pensamos que esta superbanda, mais de três décadas depois, mantém uma ginga frenética e viciante, não sendo de estranhar tanto sorriso quando olhávamos em redor, além de muita gente a acompanhar as letras.

O ambiente altamente festivo podia ser também testemunhado no Palco Cerca, no qual os Bixiga 70 brilhavam, num movimento crescente. O decateto brasileiro incendiou agradavelmente a gente presente com a constante mistura de ritmos sul-americanos e africanos, mais modernos ou mais antigos. Tudo assinado com uma qualidade individual assinalável, que simultaneamente se multiplica a nível colectivo. Um verdadeiro show nota dez!

Já depois da meia-noite, na zona do Chafariz, os Idiotape tomavam conta do palco, sendo esperadas diversas explosões sónicas durante o seu tempo de antena. E assim foi, com o trio sul-coreano a debitar as suas peças sonoras concebidas precisamente para exponenciar a loucura colectiva nas audiências. Loulé não foi diferente, com saltos e braços no ar por todo o público sempre que dos teclados e sintetizadores, propulsionados pela ofegante bateria de DR, rebentavam ondas magnetizantes. A terminar, uma não menos explosiva versão encurtada de “Sabotage”, dos deuses Beastie Boys.

 

Leiam aqui as reportagens do primeiro e segundo  dia do festival.



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