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“Adeus, minha Rainha”

O Lado B da vida de Maria Antonieta

Realizado por Benoît Jacquot, “Adeus, minha Rainha” é baseado no romance homónimo de Chantal Thomas, um romance vencedor do Prix Femina em 2002, que nos apresenta uma versão da vida da Rainha Maria Antonieta nunca antes abordada – a aproximação de Maria Antonieta a duas mulheres, Sidonie e Gabrielle, numa história que vai muito além destas relações.

Estamos em 1789, nas vésperas da Revolução Francesa. Enquanto vários aristocratas e criados abandonam Versailles com medo de retaliações e da queda do reinado de Luís XVI, uma leitora da Rainha recusa-se a fugir. É pelos olhos de Sidonie (Léa Seydoux), a leitora da Rainha, que conhecemos os últimos dias de Maria Antonieta (Diane Kruger), que tenta salvar Gabrielle (Virginie Ledoyen), a sua “amante”, até ao último momento. Gabrielle é uma personagem que se revela fria aos acontecimentos que a rodeiam, pensando somente como irá escapar viva à revolução, enquanto Sidonie é completamente devota a Maria Antonieta.

Filmado em Versailles e com excelentes interpretações, conhecemos as rotinas desta corte à beira da ruptura e como a Revolução afecta cada um dos seus moradores: desde as empregadas aos duques. “Adeus, minha Rainha” não é uma história de amor entre duas mulheres, mas sim acerca do que uma mulher pode fazer por amor à sua Rainha. O adeus de Sidonie a Maria Antonieta, uma empregada devota, independentemente de todas as revoluções que habitam o panorama social da época.

Diane Kruger restabelece-se como uma actriz poderosa, elegante, capaz de representar tão bem uma espia (como no filme de Tarantino, “Inglourious Basterds”) como uma rainha com a dimensão de Maria Antonieta. Numa surpreendente caracterização mais madura, consciente e inteligente de uma Rainha que, habitualmente, nos aparece como infantil e somente fútil. Um carácter mais humano de uma personagem que marcou um reinado e uma época, uma figura que deixa de ser pop e transforma-se em algo real. Léa Seydoux mostra uma grande evolução de filme para filme, com uma excelente interpretação que faz dela “a” personagem deste filme, transformando, quase, a própria Maria Antonieta, num elemento secundário.

À semelhança do que se passa no mundo, é bastante interessante comparar o ambiente revolucionário que é mostrado na época com o que vemos no presente. Contudo, este não é um argumento político nem um argumento trivial, como já foi afirmado por Jacquot. Em entrevista à New York Press, o realizador afirmou, “o presente está sempre em combustão. Mas a história vai além do pretenso romance homossexual da rainha. Há uma trama que se desenrola nos bastidores da revolução e nos é dada a ver pela criada, sem juízos morais ou acusadores”.

Estreia a 27 de Setembro.



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