Ariel Pink’s Haunted Graffiti @ Lux (1.12.2012)
Dois anos é muito tempo
Concerto curto e morno, mas suficiente, o de Ariel Pink no Lux, confirmando aquilo que a passagem de “Before Today” para “Mature Themes” fazia temer: o momentum de Pink ficou em 2010 e no grande, grande disco que editou na altura. Mas antes, as Pega Monstro. Início ternurento só com teclas e vozes, sem guitarra e sem bateria. Em tudo o resto: a distorção, a linguagem de rua, as birras que são «Afta» e «Akon». Algumas das canções, as mais cheesy, podiam ser terríveis se tivessem caído nas mãos erradas. Nas das Pega Monstro soam honestas. Evitável podia ter sido o final em que a distorção atinge níveis de inimagináveis de tortura. Nessa altura protegemos os ouvidos. No resto já são uma certeza.
Ariel Pink surge com farto cabelo loiro que podia ser o de qualquer loser num filme que tenha Jack Black como protagonista. Ele, Pink, parece bem disposto, animado, acessível. A comunicação não há-de ser muita no resto da noite, mas nota-se que o músico está feliz da vida – mesmo sem a omnipresença (experimentada em 2010) das listas de balanço anual. O último disco não gerou consensos, mas seria difícil depois da obra prima “Before Today”, a mesma que tem essa ode à radiofonia que é «Merry Go Round», momento alto da noite, mas, ainda assim, recebida de forma demasiado fria.
O músico passeia-se com o microfone de um lado para a o outro. As projecções passam uma ideia DIY e os efeitos vocais levam-nos para o psicadelismo e para os anos de ouro da rádio. Num concerto morno não conseguimos encontrar culpados. A banda foi irrepreensível, o público esteve atento. Faltou o entusiasmo. O mesmo com que recebemos “Before Today” há dois anos. Parece que foi há dez.
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