Bat for Lashes – “The Haunted Man”
A dicotomia entre o querer e o poder
O ano de 2012 foi marcado pelo regresso de vários chiropteras, quer no cinema quer a nível musical. Bat For Lashes presenteou-nos com “The Haunted Man”, o sucessor de “Two Suns”, lançado no longínquo ano de 2009.
Um álbum que, segundo a vocalista e mentora do projecto, Natasha Khan, foi inspirado nas relações familiares. De pai paquistanês e mãe inglesa, as influências sentem-se como não se sentiram nos álbuns anteriores.
Apresentando na capa uma Khan a “usar” um homem para tapar partes corporais mais sugestíveis a censura, “The Haunted Man” parece remeter para um tom minimalista complexo: sons em loop, dançáveis, com vozes em layers e a melancolia do timbre de quem lhe dá som. As letras são realmente sentidas, e isso percebe-se ao ouvi-las.
Frases soltas são dignas de registo, como por exemplo “Where you see a Wall, I see a door”, em «A Wall»; fazem a diferença. Explicam, quem sabe, a dicotomia em que vivemos constantemente, entre o querer e poder, o certo e o errado, o racional e o emocional. Sem nos deixar, no entanto, num estado catatónico de desespero, incentiva ao pensamento pelo ritmo.
«Laura», talvez a faixa com mais impacto pela forma como se apresenta praticamente despida de sintetizadores e construções intricadas, remete-nos para a força de Khan, leva-nos ao arrepio. É, sem dúvida, a faixa de destaque maior.
O terceiro longa-duração de originais faz com que Bat For Lashes se assuma na cena musical como um projecto que deve ser tido em consideração, ela que marcou um espaço próprio sem ter grande magnitude. Bat For Lashes merece esse espaço, e seria uma mais-valia trazer este projecto a uma sala digna em território nacional. Estas dez faixas merecem ser ouvidas e revisitadas de forma frequente, principalmente «Laura», «The Wall» e «All your gold», com falsetes que nos ajudam a não fugir do tom.
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