Zebra Music Store

Black & White. Entrevista com Rui Maia.

Numa época em que a venda de discos trava uma luta constante com a Internet e P2P associados – como o soulseek ou emule – optar por criar um espaço de venda de música, online ou discoteca, é simultaneamente uma tarefa corajosa e calculada.

Se muitos perderam o hábito de comprar discos, muitos são aqueles que continuam a fazê-lo; existe uma faixa de mercado de verdadeiros consumidores de música que tentam por vários meios obtê-la de modos legais.

Recentemente em Inglaterra, a venda de 7” teve uma subida astronómica em comparação com anos recentes, derivando este facto de um crescente interesse pela obtenção do objecto-disco como item de colecção – talvez com a esperança de uma sobrevalorização do investimento num futuro próximo (ter em mãos um dos primeiros singles de Artic Monkeys representa no ebay largas libras nos bolsos).

Rui Maia, teclista e baterista dos portuenses x-wife, DJ e produtor, decidiu cumprir o sonho de criar uma loja de discos, a Zebra Music Store. A funcionar plenamente há relativamente pouco tempo, conta já em carteira com cerca de 200 clientes que procuram, numa extensa base de dados, novidades, discos difíceis de obter em Portugal, ou escolhas um pouco à margem do mainstream.

Passando os olhos pelo site é fácil entender que aqui não se trata de dar lugar a artistas ou grupos que de momento estejam em evidência em tabelas de venda. Obviamente que fazendo uma pesquisa, muitos desses podem ser aí encontrados, mas o enfoque vai para uma secção de mercado mais específica, sintonizada com os circuitos alternativos europeus.

As parcerias com a ruadebaixo e com a Musak permitem uma maior divulgação do conceito através do intercâmbio de informação (no caso do nosso site) e uma maior facilidade de recepção da compra num local físico (para quem vive no Porto).

Sendo assim, a passagem pela Zebra é aconselhável a todos aqueles que procurem saciar a necessidade de obter música de qualidade, sendo a navegação simples e o registo bastante fácil. Fiquem atentos.

A rua esteve à conversa com Rui Maia que falou sobre o conceito e objectivos da sua loja e o actual panorama de venda de discos em Portugal.

Explica-nos o conceito da Zebra Music Store

A Zebra Music Store é uma loja para quem gosta de música gerida por uma equipa que o seu maior vício é o som.

De que forma o teu projecto se diferencia das outras lojas? O que vamos encontrar na Zebra?

Penso que a Zebra é uma lufada de ar fresco no panorama português. Além dos preços baixos que praticamos, dos destaques de discos menos conhecidos, não cedemos aos Tops, o cliente tem acesso a uma base de dados com cerca de 850.000 títulos. Pode estar em casa confortavelmente a pesquisar e encomendar  os títulos que mais lhe interessam. O cliente também tem acesso à nossa secção de vinil usado que resulta duma parceria com a loja de discos Musak no Porto. Além disto, ainda pode ler notícias, críticas de concertos e discos na ”Rua de Baixo”, que é outra nossa parceira.

Achas que ainda existe “espaço” para mais lojas de discos em Portugal?

Acho que existe espaço para mais lojas. Desde que sejam interessantes e que tragam algo vantajoso para o seu público. Contam-se pelos dedos as boas lojas de discos portuguesas.

Concordas com a opinião de que o preço dos discos é elevado em Portugal,tendo em consideração a situação económica que atravessamos? Quais as razões?

Por um lado, o preço dos discos é de facto elevado. Penso que é devido à taxa de IVA a 21%. Deviam baixá-la para 5% como acontece com os livros. Aí penso que a venda de discos aumentava. Não se esqueçam que a música também é cultura.

Por outro, o preço dos discos há 10 anos atrás rondava os 15€. Nós na Zebra temos preços de lançamento de discos que andam entre os 15€ e os 18€. Não é assim tanta a diferença.

A Zebra não tem um “espaço fisico” próprio, mas os seus clientes podem levantar os discos “em mão”. Correcto?

Sim, mas só podem levantá-los na loja Musak que fica na R. Miguel Bombarda no  Porto. Portanto, esta opção só se destina a residentes no Grande Porto.

Qual a tua opinião acerca da “polémica” dos downloads ilegais?

Sinceramente não sou contra os downloads. Quem gosta mesmo de determinado artista acaba por comprar o cd/vinil/dvd original. Há algumas pessoas que usam o download para ouvir primeiro determinado disco e depois se gostam vão à loja comprar a versão original. Isto sem falarmos naturalmente da qualidade do mp3, que é muito fraca. É quase a mesma coisa que em vez de teres determinado livro, teres um monte de fotocópias.

A Universal anunciou que em Dezembro vai começar a disponibilizar gratuitamente todo o seu catálogo. Achas que as lojas de discos se vão tornar locais de culto para melómanos e que o futuro da música será digital?

Penso que essa história da Universal está mal contada. É claro que eles não vão disponibilizar o catálogo a troco de nada. Há publicidade metida por trás, registos de cliente que têm de ser actualizados em certo tempo, etc. Uma série de coisas que vão acabar por pagar os downloads. A música nunca poderia funcionar só em formato digital. Posso-te dar o exemplo de há bocado,
é como leres um livro em formato pdf. É como leres o jornal só na versão online? Eu pelo menos não me sinto bem dessa forma.

Não será esse o caminho das lojas online? Disponibilizar discos em formato digital?

Já há lojas que disponibilizam o tal formato digital. Cheguei a pensar em introduzir esse sistema na Zebra Music Store. Acabei por não o fazer porque não vejo vantagens nisso e ia completamente contra o que quero que a Zebra seja. Gosto de coisas materiais, que existem. As lojas online são óptimas para comprares determinado objecto ou serviço pela Internet. Muitos clientes da Zebra têm pouco tempo para visitar lojas físicas, então preferem este método de compra.

Para terminar, deixa aqui 3 razões para visitarem a Zebra Music Store …

Os nossos preços acessíveis.
O nosso extenso catálogo.
A boa selecção musical.



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