Divinity Original Sin: Enhanced Edition | Análise
O Co-op nunca fez tanto sentido!
Em 2014, no meio de tanto lançamento, Divinity: Original Sin, nomeado por muitos como o jogo desse ano acabou por me passar ao lado. Sendo eu um fã do género, podem imaginar a frustração, especialmente depois de me aperceber que o PC teria recebido uma impressionante e exclusiva homenagem não só a clássicos RPG, como Baldurs Gate, mas também ao estilo Dungeons & Dragons de papel e lápis (e dados!), a inesgotável fonte de inspiração do género. Considerado bastante complexo por quem o jogou, obrigando o jogador a percorrer imensos menus se quiser esmiuçar toda a informação existente sobre os mais diversos aspectos e atributos das suas personagens – diz-se também que é impossível não adorar “quando um plano dá certo”, mostrando-se igualmente gratificante.
A minha sede por este jogo aumentava a cada comentário feito sobre ele, só que, pela forma como foi estruturado, sobretudo pelo extenso User Interface repleto de menus e mais menus, faria todo o sentido contar que Divinity: Original Sin continuasse exclusivo para o PC… Mas, a simpática malta da Larian Studios tinha outros planos e eis que no dia 27 de Outubro deste ano, Divinity desembarcou nas consolas Xbox One e PS4 (a versão analisada) num novo e melhorado formato.
Não tendo deixado escapar esta segunda oportunidade, “fiquem um pouco e escutem” enquanto vos falo sobre Divinity: Original Sin Enhanced Edition…
Dois Source Hunters chegam à cidade de Cyseal, no sul de Rivellon, prontos para resolver um assassinato. Descobrir quem foi, tratar dessa pessoa e receber o dinheiro da recompensa, nada mais simples, certo? Errado. Quando inicialmente parece que estamos perante o tradicional crime de paixão, subitamente verificamos que algo muito maior e bem mais sinistro se está a passar. Há uma perigosa ameaça no ar. Um mote simples, é certo, só que à medida que fui jogando, mais envolvido me foi deixando. Com esta nova versão chegam dois novos modos de dificuldade, dois novos extremos, se preferirem, quando comparados com os que existiam anteriormente: um é mais simples e dirige-se a quem quiser apenas desfrutar da história, já o outro representa o maior grau de dificuldade que o jogo pode oferecer e, claro, dirige-se os veteranos do género. Optei pelo clássico ou melhor dizendo, optámos. Isto porque agora podemos jogar localmente com um amigo ou familiar. A minha companheira de armas foi a minha querida cara-metade.
Começámos a nossa aventura, eu um bravo guerreiro empunhando uma enorme espada de duas mãos e ela uma valorosa e bem torneada, diga-se, Wayfarer. A sua arma de eleição é o arco. No final do que foi um intenso tutorial, “pareceu-me” que a conversa entre as nossas personagens não correu como planeado. Planeado por quem? Por mim ora, pois eu estava no omnipotente papel de Jogador 1! Todos sabem que o jogador 1 decide tudo, não é?
Chegando a Cyseal, no meio da investigação que temos de levar a cabo, vamos encontrando outras personagens. Algumas chegam na forma de outros heróis que se podem juntar à nossa party, ao passo que outras simplesmente precisam da nossa ajuda. Foi precisamente ao ser abordado (eu, o Jogador 1) por um pobre homem em apuros que algo aconteceu. O devorador de quests em mim rapidamente aceitou a proposta do homem sem hesitar. Começava a pensar para onde ir quando outra voz começa a falar num tom jocoso, indicando que tínhamos uma missão que não podíamos perder tempo com tarefas redutoras, como se não bastasse ainda recusou ajudar o pobre coitado. “Certamente que isto está integrado no jogo.” E de facto está, se jogarmos sozinhos e escolhermos que o nosso parceiro seja controlado por uma IA. Algo que não aconteceu.
A minha mulher recusou ajudar um homem em apuros e eu só consegui gritar uma rudimentar observação: “MAS SOMOS HERÓIS!!! Temos de ajudar quem precisa.” Indiferente, ela apenas respondeu:“Então vamos resolver o mistério que envolve o assassinato, porque caso contrário o homem vai deixar de ter “apuros” com que se preocupar…” “Eu já a calo!” Pensei. Como Jogador 1 tenho certamente a última palavra. De facto a conversa permitiu que tivesse algo mais a dizer e por isso insisti… E ela também… Mas depressa me apercebi que estava de volta ao papel e lápis, a jogar Dungeons & Dragons e a debater as acções que o meu grupo havia de tomar. “Bom, estamos num impasse, agora decidimos como? Lançamos dados, não?” Continuei a pensar. Não, mas quase: Pedra, Papel ou Tesoura. O vencedor ganha a discussão. Perdi, não ajudei o pobre coitado e da mesma forma que fiquei a resmungar, a relação entre as nossas personagens foi afectada. Com o derrubar da tradicional postura dominante do Jogador 1, que tudo decide, o facto do poder de decisão estar distribuído, ofereceu à minha aventura um genial sentimento de imprevisibilidade, pois este facto estendeu-se à história principal do jogo. Quem me dera que isto acontecesse em mais jogos do género.
Comecei sozinho mas foi acompanhado que realmente consegui desfrutar da experiência que Divinity tem para me oferecer. Com alguém com quem debater o que está a acontecer no ecrã, as várias pistas indicadas pelas personagens com as quais vamos interagindo (graças à nova versão, agora todas elas acompanhadas por voz!) nunca passavam despercebidas. O melhor é que mesmo que nos afastemos um do outro, o ecrã divide-se e cada um pode fazer o que quiser e onde quiser.
Sozinhos ou acompanhados (algo que não me canso de recomendar), Divinity continua igual a si mesmo. O já elogiado sistema de progressão continua presente bem como o sistema de combate. Ainda é preciso ter muito cuidado com o nosso posicionamento e explorar as fraquezas dos nossos adversários continua a ser meio caminho andado para a vitória. Estão perante um grupo de adversários posicionado sobre uma poça de água? Que tal um feitiço de electricidade para dar cabo deles? Se não tiverem ninguém do vosso grupo ao pé deles, não hesitem. Mas isto é apenas a ponta do iceberg, não tenham medo de experimentar novas abordagens que agora podem ser complementadas pelas novas armas que a Enhanced Edition traz consigo.
Visualmente Divinity: Original Sin Enhanced Edition chega à PS4 da melhor forma. Quer estejamos a percorrer as ruas de uma cidade, ou a explorar a mais densa das florestas os cenários são todos bem vivos e vibrantes. A isso aliam-se as vozes das personagens e a já agradável banda sonora que acompanha o jogador desde a sua versão original, pelo que é fácil darmos por nós a parar um pouco e, sem qualquer esforço, beber toda a informação que o mundo de Divinity tem para nos oferecer. Podia queixar-me dos já mencionados menus que teremos de percorrer e ler. O facto é que é muita informação para ser contida apenas com os controlos do comando e não vejo outra forma que pudesse substituir a existente. Se este é o preço a pagar pela chegada deste impressionante título à sala da minha casa, é de bom grado que o pago!
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