Maçã de Prata e Cão da Morte @ Maxime
Problemas técnicos. 20 de Fevereiro de 2010.
Tanto na primeira parte, com Maçã de Prata, como no prato principal, com Cão da Morte, os problemas técnicos marcaram presença. Nada que tenha impedido uma noite bem passada.
Primeiro Maçã de Prata. A formação de palco – composta por voz (é ela a Maçã de Prata), duas guitarras, baixo e bateria – ataca timidamente o palco. Quase nem temos tempo de filtrar referências e, no final da primeira canção, o quadro da electricidade vai pela primeira vez abaixo. Ouviu-se pela primeira vez: “temos um problema técnico”. Voltaria a acontecer uma e outra vez. A vocalista está visivelmente atrapalhada, ainda que bem disposta. Ouve-se na cabine técnica dizer “chuva a mais”. Passam a canção três vezes repetida à frente e agora sim há concerto. O que temos aqui é uma pop que se aproxima dos Clã e dos Mesa – no fundo, uma coisa leva a outra. Há anos 60, com Beatles e Kinks ao barulho e em «Passagem» detectamos o tom emocional e idiossincrático da voz de um Jeff Buckley no refrão. Acabaram por voltar à “canção dos problemas técnicos” que foi finalmente tocada sem percalços. Parece ter pernas para andar.
Seguiu-se Cão da Morte, ou Luís (informação via myspace), o grande protagonista da noite que veio apresentar o álbum de estreia, “Trovas Intravenosas”. Antes de começar, já com os músicos todos em palco, surge o problema técnico da praxe – dificuldades em dar electricidade à guitarra eléctrica. Problema ultrapassado em 10 minutos – mais coisa menos coisa.
Não soubéssemos que são amigos e diríamos que João Coração já andaria a fazer escola. Embora não seja cópia a papel químico, há por aqui claros paralelismos. Desde logo um enorme apreço pelas raízes da música portuguesa – a presença de cavaquinhos braguesas e outros instrumentos mais tradicionais não nos deixam mentir. Logo na primeira canção ouvimos um “Oh Lai oh Larilolela”. Confirmadíssimo, Cão da Morte assenta raízes na música tradicional portuguesa.
Quer isto dizer que soa a versão rasca de João Coração? Nem por isso. Para lá da qualidade indiscutível que o projecto tem, há também que dar relevo a algumas diferenças. Cão de Morte é um sujeito bem disposto e com piada que se nota estar satisfeito por andar a fazer aquilo que gosta. A base é o folclore, mas Luís junta-lhe teclados, guitarra eléctrica e baixo. Não é mais do que ir beber à fonte tradicional e dar-lhe uma roupagem moderna. A FlorCaveira tem-nos dado vários exemplos do género – Diabo na Cruz, B Fachada, o próprio João Coração. E no myspace é o próprio Cão de Morte que confirma a influência da FlorCaveira.
A banda é composta por oito elementos – alguns muito jovens –, algumas vezes usada como recurso devido às “baixas” de João Coração e Walter Benjamin. O foco do espectáculo incidiu sobre o novo álbum, mas também sobre o EP editado no ano passado. Contou com a colaboração de Maçã de Prata nos coros, numa das canções, e acabou com todos os elementos em palco, como se de uma família se tratasse. Foi notório o companheirismo de todos ao longo da actuação.
No encore vem Luís sozinho para palco e todos os músicos sentam-se em frente ao mesmo. Nisto, juntam-se alguns elementos do público, quais fiéis convertidos.
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ah pois, companheirismo. e de que maneira. e os oito músicos só se juntaram todos no próprio dia do concerto.
a tal canção do "oh lai oh larilolela" é mesmo tradicional e foi gravada por adriano correia de oliveira em 1979. chama-se "vira velho".