Marés Vivas 2019 20/07 Ornatos

MEO MARÉS VIVAS 2019 | Dia 2 (20.07.2019)

Dia do regresso de uma das bandas mais aclamadas de sempre no panorama musical português, os Ornatos Violeta.

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O preço a pagar por um festival em “cima” do mar faz-se sentir e o vento gélido apesar de não ter sido convidado para a festa persiste em continuar a marcar presença no festival, mas hoje nem isso estraga a nostalgia que se sente no ar…é dia do regresso de uma das bandas mais aclamadas de sempre no panorama musical português, os Ornatos Violeta.

A banda do Porto foi sem dúvida a grande responsável por este dia ter esgotado rapidamente, mas há mais para ver num dia em que mais uma vez a música portuguesa tem grande destaque com as atuações de Carlão no Palco MEO e de Traço, João Só e The Lazy Faithful.

DON BROCO
A banda britânica em estreia absoluta nos palcos portugueses abriu o palco principal neste segundo dia com uma pontualidade digna do seu país. O vocalista Rob Damiani, o guitarrista Simon Delaney, o baixista Tom Doyle e o baterista Matt Donnely cedo mostraram ao que vinham e logo começaram a debitar um rock alternativo e eletrizante que transbordava energia e que teve o dom de logo na primeira música ser aclamada pelo público presente com um moche, coisa rara no contexto deste festival. Desconhecidos de muitos dos que assistiam não deixaram ninguém indiferente e abriram uma barragem de energia que havia de transbordar mais ao final do dia.

CARLÃO
No dia em que celebrou os seus 44 anos, o ex-Da Weasel, banda que à semelhança dos Ornatos regressará no próximo ano pelo menos para um concerto já anunciado num outro festival mais a sul, tem uma envolvência especial com o público, fruto talvez da sua longa experiência nestas andanças ou pelos “Dialetos de Ternura” que mantem com o publico. Foi quase um concerto de celebração de carreira com o alinhamento a passar por todas as fases da carreira do músico viajando pelo projeto mais recente a solo “Entretenimento” ou pelo recordar de temas da banda que o deu a conhecer com hits como «Re-Tratamento». Em comum entre elas o facto de terem sido todas cantadas em uníssono pelo publico presente que as conhecia de uma ponta à outra.

MANDO DIAO
Os suecos Mando Diao a atuarem pela terceira vez em Portugal ficaram com a difícil tarefa de atuar para um público cada vez mais ansioso pelo concerto de regresso dos Ornatos. Se a tarefa não era fácil, mais difícil se tornou quando após tocarem «Long Before Rock and Roll» e «You Got Nothing On Me», uma falha técnica obrigou a uma paragem de aproximadamente uma hora. A banda não desistiu, desceu ao fosso e cantou o conhecido tema, «Dance With Somebody» em acústico com a participação em uníssono do público. Um momento que poucos esquecerão e que transformou uma adversidade num momento para mais tarde recordar. Resolvidos os problemas técnicos por volta das 23:10h ainda houve tempo para «Mr. Moon». E para despedida depois do vocalista até Björn Dixgård gritar “Porto, Porto, Porto” novamente «Dance With Somebody», agora com o som a funcionar na sua plenitude abafado pelo público que fazia as vezes do vocalista.

ORNATOS VIOLETA
O que dizer de uma banda que se separou há quase duas décadas deixando no seu curriculum “apenas” dois álbuns e que leva a um festival público de todas as idades, sendo que alguns ainda não eram nascidos quando a banda deixou de existir e se assumem como fãs incondicionais da banda?

A banda liderada por Manel Cruz que ganhou há muito o seu lugar de destaque na “hall of fame” da música portuguesa decidiu brindar em 2019 os seus fãs com três concertos (Algés, Gaia e Faro). Se o primeiro no NOS Alive foi especial, este cerca de duas semanas depois, diz quem viu os dois, foi ainda mais especial e único ou não fosse “em casa”.

Os Ornatos deixaram a pele em palco mas o público queria mais e a banda não queria defraudar as expetativas e foi dando tudo o que tinha durante mais de hora e meia onde houve tempo para o álbum mais aclamado “O Monstro Precisa de Amigos”, o primeiro álbum “Cão” e ainda para alguns temas inéditos. Não sobraram muitos “segredos por contar” do repertorio existente da banda. Resultado um concerto que ficará para sempre na memória dos muitos presentes, do festival e acima de tudo da banda.

Às 00:00h em ponto o concerto arrancou com o tema «Um Crime à Minha Porta» e logo o público gritava “E salta Manel, e salta Manel…” mais adiante em «Ouvi Dizer» o recinto iluminou-se com os telemóveis que se ergueram e estou certo ainda hoje ecoam nas margens do Douro as vozes dos muitos presentes que encheram o recinto com as palavras que saiam das suas gargantas como gritos que tinham ficado abafados tempo demais. No final do tema mais uma surpresa com Carlão a “substituir” Vítor Espadinha na parte “falada” para dar ainda mais cor à festa.

Manel Cruz retribuiu o gesto com um abraço e com o tema «Casa» que foi cantado pelos dois logo de seguida e que teve a particularidade de trazer de volta Carlão ao papel de Pacman que desempenhava nos Da Weasel.

Pelo meio tempo para «Chaga» onde Manel Cruz fez jus à sua imagem de marca e despiu a t-shirt ficando em tronco nú para muita comunicação com o público sempre marcada por umas asneiras aqui e ali e para um Manel Cruz de joelhos e visivelmente emocionado pela forte ovação que marcou o final do tema «O.M.E.M.». Mais à frente, hora para a primeira despedida com «Capitão Romance»… um barulho ensurdecedor da parte do público e um regresso a palco para o que havia de ser o primeiro encore com «Devagar», «Fim da Canção» e uma homenagem aos Violente Femmes, a “maior banda do mundo” através do tema «Gone Daddy Gone». Nova despedida, nova ovação ruidosa e mais um regresso para o segundo encore, onde houve tempo para «Como Afundar» e «Raquel». E como não há duas sem três nova saída e novo regresso para o terceiro e último encore com «Dias de Fé». Com o amor demonstrado de parte a parte talvez o regresso temporário dos Ornatos Violeta se repita mais vezes.

Para o terceiro e último dia, são esperadas as atuações de HMB, Tiago Nacarato, Morcheeba e da lenda viva da música, Sting.

Texto por José Graça e fotografia por Inês Graça.



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