MEO Marés Vivas 2023 | Dia 1 (14.07.2023)
A consagração da portugalidade com cheiro a Doninha
Festival gaiense arrancou em português e com lotação esgotada.
Já parece tradição, mas o festival portuense que se seguiu ao Primavera Sound também foi abençoado pela chuva. Longe do autêntico dilúvio que afetou o Parque da Cidade, o antigo Parque de Campismo da Madalena, em Vila Nova de Gaia, também deve direito a chuvada para acalmar o calor, que, no entanto, não parece ter afetado os milhares de pessoas que se juntaram junto ao palco principal para abrir as hostilidades.
A Jorge Palma cumpriu a nobre tarefa de estrear o certame e o cantor de 73 anos não deixou de se mostrar surpreendido com a enchente que o esperava. Uma “cambada de malucos” à chuva não o deixou a cantar sozinho temas como «Frágil» ou «Encosta-te a Mim», num fim de tarde atípico mas bonito, de comunhão com o público. Um nome que, talvez, merecesse outro horário para atuar a uma sexta-feira de saída do escritório, mas que mereceu cada aplauso molhado que recebeu no meio da intempérie.
Seguir-se-iam Os Quatro e Meia que, com melhor meteorologia, tiveram de competir com a hora de jantar (e as filas intermináveis para os comes e bebes) e alguns problemas técnicos iniciais. «Olá Solidão», no entanto, não se tornou profético pois a banda de Coimbra, bem apessoada, obrigou muito namorado a suspirar de fome enquanto o mulherio trauteou êxito após êxito. Num espetáculo descomprometido e divertido, estes médicos-tornados-artistas trouxeram de volta o verão ao Marés Vivas e celebraram, mais uma vez, a portugalidade, com «Bom Rapaz», «Canção do Metro», «Pra Frente é Que é Lisboa» e o último «Baile de São Simão» a puxar a dança e a servir de mote para a noite que ia começando a cair.
Voltávamos, assim, a preparar-nos para a noite, com um artista de abertura que se coadunava mais com o headliner: Slow J mostrou rapidamente que não iria servir só para aquecer as hostes enquanto se esperava pelos Da Weasel e até teve direito a “fanbase” própria e ruidosa. “Vou despachar isto que eu também quero ver Da Weasel”, acabou por dizer João Batista Coelho, orgulhoso por tocar antes da “primeira banda que viu ao vivo”.
“Fomos nós os portugueses que esgotámos esta porra toda”
Mas no final, o que contava era a Doninha. Não era segredo nenhum que os Da Weasel eram o derradeiro cabeça de cartaz não só deste primeiro dia como, arriscamo-nos a dizer, do festival inteiro. Por todo o lado não faltavam pessoas com t-shirts personalizadas, cachecóis e merchandise pouco oficial da banda portuguesa, alheada dos palcos há mais de uma década (vamos esquecer o concerto do Alive, que o Porto também merece exclusividade). Do espetáculo lisboeta acrescentaram-se mais temas e até um Manel Cruz virtual.
“Fomos nós os portugueses que esgotámos esta porra toda”, fez questão de dizer Carlão, algures durante a atuação, que durou perto de duas horas e fez 40 mil não arredar pé.
O serão começou ao som de «Loja» e por aí seguiu, com mais de 30 temas que passaram em revista uma carreira eclética e frutífera. «Mata-me de Novo», «(No Princípio era) O Verbo» ou «Nunca Me Deixes» foram naturais destaques numa noite feita de naturais destaques. Também podíamos falar de «A Essência – Vem Sentir», «Força (Uma página de história)», «Dialectos de Ternura», «Casa (Vem Fazer de Conta)», ou «Mundos Mudos»… mas iríamos estar aqui o tempo todo a desfiar “clássicos” – e depois éramos acusados de nos esquecermos de «Toque-Toque» ou «Re-tratamento»… «Adivinha Quem Voltou» surgiu já no encore, mas quase que podia dar nome a este artigo… Mas preferimos terminar como terminou o concerto… És fã de Da Weasel e estiveste em Gaia? Então «Tás na Boa».
Reportagem do dia 2 aqui e do dia 3 aqui.
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