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Mercado de San Miguel

Mesmo aqui ao lado, na capital espanhola, há uma mercado apadroado pelo Santo Miguel, o qual não só lhe deu o nome como o dom de deixar bem disposto quem lá vai. Não percas o comboio e arranca nesta viagem gastronómica.

Madrid é uma cidade de paixões. Quem adora, sabe bem como a capital de nuestros hermanos agarra quem lá vai de tal modo, que os que não ficam por lá facilmente regressam em breve. Entre ruas aceleradas e praças cheias de gente, esplanadas confortáveis e cafés barulhentos, há sempre tempo para beber uma caña, picar uma tapa, dar um pezinho de baile. Já quem não gosta, torce o nariz à falta de monumentos, de antiguidade, de história. Pois façam o teste. Para viver Madrid há que ser madrileno e isso só indo lá. Seja de carro, comboio ou avião (Vueling e Ryanair fazem bons preços), o que importa é chegar lá com energia e alguns trocos no bolso. Quem é que não tinha programa para o fim-de-semana?

Alguma história desta estória

Depois de aterrar em Barajas, apanhar o metro até ao Sol e tirar uma fotografia ao urso ou com ele, estás pronto para entrar no centro de Madrid. Podes, por exemplo, passar logo na Mallorquina e agarrar uma napolitana com chocolate e uma ensaimada ou, mais difícil mas igualmente compensador, deixar o caminho abrir o apetite até ao Mercado de San Miguel. Para isso, basta seguir a movida da Calle Mayor, resistindo às montras que provocam e aos bocadilhos de presunto serrano e queijo manchego que piscam o olho sem qualquer pudor. Quase no final da rua , olha para o lado esquerdo e lá está ele, o mercado de San Miguel, uma estrutura de ferro e cristal coberta, do inicio do século passado, um dos poucos exemplares do género nesta cidade. E, já que se ali estás, é espreitar também os vestígios das muralhas medievais que completam o cenário.

Este daqueles sítios com tanta história como estórias, mudanças e andanças, recuos e avanços até chegar ao que é hoje, um mercado cosmopolita para ser vivido como apetece, mais comercial, mais cultural ou por simples diversão. Em poucas palavras, 2009 marca uma nova etapa na vida deste mercado que de santo tem apenas o nome e as abençoadas banquinhas de comes e bebes, que agora se junta aos muitos outros espaços boémio-gastronómicos madrilenos.

O objectivo inicial era tão simples quanto válido, isto é, juntar os melhores comerciantes, profissionais e criativos de diversas áreas num espaço de cultura gastronómica  global, tanto em termos de variedade como de acesso. Assim todos ganham. De um lado, os comerciantes com uma nova fonte de receitas; do outro, os clientes com acesso privilegiado a uma enorme variedade de produtos e experiencias. E, claro, a própria Madrid que vê reabilitado e dinamizado um dos seus mais emblemáticos símbolos.

Um Santo mercado

O mercado de San Miguel transpira frescura, sejam frutas e legumes, pães e bolos, ostras e tapas, sushi ou pimentos, tudo é pensado com tempo, feito no dia, servido na hora. Trata-se pois de uma oferta abraçada à qualidade dos produtos frescos da época, numa lógica que eleva a gastronomia a acto cultural. Deste modo, o mercado passa a “Centro de Cultura Culinária” onde a obra-prima são os produtos e pratos e os artistas os cozinheiros, padeiros, pasteleiros mas também os vendedores, clientes e curiosos. E, como madrileno que é madrileno vive todos os dias da semana como se fosse fim-de-semana, o San Miguel fecha os olhos aos excessos e abre as portas todos os dias das 10 às 10, esticando-se até à 2 da manhã de Quinta a Sábado.

O melhor é ir passando e ver o que se passa, quem sabe uma feira, um concerto, uma degustação ou simplesmente para pegar um gnochi fresco ou um sushi e levar para casa. Com tempo, dá para provar mais, começar nos pimentos padron, seguir na paelha e acabar no bolo de chocolate austríaco. Sem esquecer o copo composto, vale?

Agora nós

Mercado da Ribeira, Forno do Tijolo, Arco-do-Cego, etc, etc, quem diz mais? Qualquer um, não importa qual, é um potencial homónimo do Mercado de San Miguel. Lisboa tem a luz, tem o clima, tem as ideias e a vontade, tem o espaço e a matéria-prima, tem de tudo, os espaços abandonados, a criatividade a efervescer, os potenciais clientes, mais da terra ou mais turista. Mas quem pega? Mais simples seria adivinhar que lisboetas e troianos iam gostar de ter um sítio onde os pastéis de Belém e os temakis vivessem em perfeita comunhão com a farinheira e a buganvília. Até lá, o melhor é pedir mais uma bica para não adormecer na espera.



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