Mortal Kombat X | Análise
Será que ainda há espaço para Mortal Kombat nas nossas vidas
A cargo da NetherRealm Studios esta é uma das séries mais polémicas no mundo dos videojogos e para muitos um flagelo capaz de influenciar e deturpar a mente dos mais susceptíveis. Digam o que disserem, o facto que é que Mortal Kombat recebeu a sua décima entrada. Mortal Kombat X traz até nós um invejável leque de 24 personagens, cada uma com três variantes únicas, e o seguimento da história que recomeçou em MK 9 terminando com uma enorme surpresa. A décima entrada na série e a primeira entrada na nova geração, será que ainda há espaço para Mortal Kombat nas nossas vidas?
Antes de falar sobre a história, aproveito para informar que tal como aconteceu com Injustice: Gods Among Us, existe uma banda desenhada a cargo da DC Comics que antecede os eventos de Mortal Kombat X. A história do jogo segue os catastróficos eventos de Mortal Kombat 9. Shao Kahn foi derrotado mas para conseguir essa vitória, muito sangue foi derramado. Pior ainda, ficámos a saber que apesar do esforço de Raiden em corrigir alguns erros de toda a linha temporal da série, tudo correu de acordo com os planos de Shinnok que finalmente conseguiu libertar-se da sua prisão. 20 anos depois vamos agora encontrar os sobreviventes destes trágicos eventos bem como algumas caras novas. Vamos encontrar Outworld à beira de uma rebelião, e a terra com heróis em conflito com antigos aliados e até familiares. Não é perfeita, mas cumpre muito bem. Não me posso esquecer que este é um Beat’em up, pelo que a história não tem necessariamente de ser digna de ganhar um óscar. Não quer isto dizer que não hajam momentos que podiam ter sido mais bem elaborados, mas numa perspectiva geral vamos encontrar alguns momentos bem interessantes.
É também uma boa forma de introduzir as novas personagens do jogo, muitas delas são familiares de outros veteranos. Cassie Cage é por exemplo filha de Johnny Cage e Sonya Blade e Takeda é filho de Kenshi. Segue-se a filha de Jax, Jacquie Briggs, e Kung Jin que é descendente de Kung Lao. Este é apenas um exemplo, fora do grau de parentesco, mais personagens se juntaram ou por afiliação ou por motivos pessoais, todas elas terão algo a dizer e argumentos não lhes faltam… Se é que me entendem.
Mas num jogo de Mortal Kombat o que interessa é o desenrolar dos nossos combates. Aqui, apesar dos altos e baixos do modo história, MK X não desilude, muito pelo contrário. Antes de mais MK X é talvez o mais refinado Mortal Kombat, no que diz respeito à jogabilidade. Todas as personagens sofreram alterações e estão agora bem diferentes. Como disse em cima, cada uma das 24 personagens disponíveis oferece 3 variantes únicas. Jogar com por exemplo, Raiden na sua variante Displacer não será o mesmo do que jogar com ele na variante Storm Lord ou Thunder God. O mesmo acontece com as outras personagens, pelo que os mais competitivos vão ter muito que explorar. Não basta agora encontrar a personagem certa, agora temos ainda de encontrar a variante que melhor se acomoda à nossa forma de jogar. Isto confere uma profundidade, em termos de jogabilidade capaz de fazer a inveja a muitos títulos do mesmo género e por isso talvez queiram perder algum tempo no Training Mode.
Escolhida a personagem e a variante chega finalmente a hora de combater. O grafismo salta imediatamente à vista. O motor gráfico escolhido foi novamente o Unreal Engine e o seu desempenho é impressionante. Além dos cenários detalhados, toda a animação e detalhe que dão vida e cor às personagens que neles combatem é exemplar. Os combates são intensos, frenéticos mas sempre soberbamente fluídos e desde o mais simples murro, ao mais violento pontapé, não há golpe que não nos faça torcer a cara como que pensando: bem esta doeu de certeza.
Aliado ao desafio de voltarmos a aprender a jogar com algumas personagens, regressa o desafio de controlar os nossos Special Meters. Os movimentos especiais continuam a poder ser aumentados em poder com o sacrificar de uma ou (agora em alguns casos especiais) duas barras. Para os mais vingativos de regresso estão também os X-Rays e acreditem que vale bem a pena esperar por todos eles. A ajudar na variedade dos combates surge também algo que resultou muito bem em Injustice: Gods Among Us, dos mesmos criadores. Falo, claro, da interactividade dos cenários, não vamos atravessar cenários com os nossos adversários, o que é uma pena, mas vamos aproveitar vários dos objectos que neles se encontram e arremessá-los ou até mesmo saltar sobre eles, evitando assim que fiquemos encurralados. Podem até atirar uma simpática velhota contra o vosso oponente. Dá direito a troféu e tudo. Fantástico, não acham?
Finalmente temos a tão desejada conclusão do combate e aqui há também agradáveis novidades. As fatalities voltam em força mas agora também as Brutalities regressam. Se cumprirem certas condições especiais durante o decorrer do combate, o segundo round pode terminar de forma… abrupta, digamos assim. Além disso podem também excutar Faction Kills. Assim que arrancam o jogo pela primeira vez, é vos dada a escolher uma de cinco facções às quais se poderão juntar. Cada uma tem para oferecer cinco fatalities exclusivas. Não se preocupem que podem alternar entre elas à vontade.
Para fugir à rotina dos combates, MK X traz também alguns modos de jogo capazes de fazer as delícias tanto dos mais competitivos como dos que gostam de reunir amigos em casa em bom ambiente de festa… e alegre pancadaria. O Test Your Luck foi um sucesso em MK 9 e como tal está de regresso. Neste modo vamos fazer parte de uma série de combates condicionados por Modifiers. Desde misseis, a cabeças a cair sobre nós, podemos também adormecer durante breves instantes e no meio do combate ficar vulneráveis a uma fatality. Se tiverem algum amigo com a “resposta na ponta da língua” (leia-se, com os movimentos decorados) o combate pode acabar muito mais cedo do que o previsto. Neste modo, nenhum combate será igual a outro mas a diversão é constante.
Mas existem mais modos de jogo. Na Challenge Tower vamos entrar em combates onde teremos certas condições para cumprir se quisermos sair deles com a pontuação total e depois temos também a Living Tower. Neste modo, vamos encontrar três torres em constante mutação. A Daily muda diariamente, a Premier tem a duração de uma semana e Hourly, como o nome indica, muda de hora a hora.
Claro que não nos podemos esquecer da Klassic Tower. Em paralelo à história do jogo, o boss final desta torre é Shinnok. Tinha tudo para ser um boss de peso mas independentemente da surpresa que ele tem para nós durante o combate, ao contrário do que acontecia com Shao Kahn nos títulos anteriores da série, o combate contra Shinnok rapidamente perde relevo e torna-se apenas mais um combate. Podemos agarrá-lo enfim, podemos fazer contra ele tudo o que podemos fazer contra as outras personagens do jogo. Enquanto que Shao Kahn me fazia estremecer só de ouvir o nome dele, Shinnok… nem por isso. Enquanto que para o jogador casual, a dificuldade média pode ser suficiente, os veteranos talvez queiram subir a dificuldade da torre. Quando chegarem ao fim, espera-vos o tradicional final de cada personagem.
Os mais competitivos, não foram esquecidos e de regresso estão os modos online dos quais o King of The Hill é novamente a estrela. Aqui podem juntar-se a outro grupo de jogadores e juntos podem alegremente jogar e falar, enquanto treinam ou assistem ao combate uns dos outros. Quando quiserem descansar do frenesim do combate, nada como relaxar e explorar a Krypt e gastar as vossas merecidas Koins (a moeda fictícia do jogo). O vosso desempenho em cada combate dá direito a um número de Koins e é com elas que vão desbloquear fatos, Fatalities, Brutalities, Arte Conceptual e muito mais na Krypt.
Mortal Kombat X é a prova de que a série ainda tem muito para mostrar. Algumas novas personagens talvez não tenham muito de interessante para dizer na história, mas em combate o caso muda rapidamente de figura. A jogabilidade é sem dúvida o ponto mais alto do jogo mostrando-se mais refinada do que nunca e com um grau de complexidade capaz de fazer as delícias dos mais exigentes. A interactividade dos cenários confere um bom grau de diversidade aos combates e uma óptima oportunidade para os jogadores menos experientes poderem virar o jogo. Se a isso juntarmos modos de jogo como Test Your Luck, MK X tem de tudo um pouco para garantir horas de diversão a solo, ou na companhia de amigos e desconhecidos!
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