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Mubi

Fãs de Killzone descobrem que também gostam muito de Agnès Varda.

Começou como “The Auters” em Fevereiro de 2008. Nome em certa parte respeitoso que integrava nele a ideia de cinema de autor mas também atribuía ao utilizador essa ideia de autor, autor para se criar uma espaço de partilha, de conhecimento e, no fundo, de socializar com outras pessoas que vivem com os meus gostos e todas essas coisas. Uma rede social diferente, uma espécie de cinemateca online com espaço para a discussão e que depressa se tornou mais do que isso. Ainda mais quando se juntou à Playstation 3 e passou a ser um serviço associado à Playstation Network em Novembro.

É simples. A PS3 pelas suas características, popularidade e potencialidades é o media center que provavelmente mais gente utiliza no mundo. Não é uma consola de jogos, da mesma forma que a HBO não é televisão. Ou seja, desde cedo a Sony se quis distanciar dos seus adversários directos e mostrar a sua plataforma como algo mais, um centro de conexão de todos os media que utilizamos em casa. Exemplos: podemos ver fotos, criar álbuns, ver filmes (DVD, Blu-Ray, DIVX, etc), ouvir música, transmitir qualquer uma destas coisas em stream directamente do nosso computador para a televisão, existe o Home, uma espécie de Second Life dentro do mundo Playstation, tem browser próprio, é possível conectar a nossa conta na PSN com a do Facebook, etc., etc., etc.

A chegada do Mubi a esta plataforma tem o seu quê de estranho. A maior parte dos filmes presentes na base de dados do site não dirá muito ao utilizador comum da consola. Ou seja, não é uma espécie de videoclube com títulos populares, como aqueles presentes nos nossos fornecedores do serviço de televisão, mas um local onde prosperam obras recuperadas (em grande parte devido à associação com a World Cinema Foundation de Martin Scorsese), algumas inacessíveis (mesmo no campeonato dos torrents) no conforto da sala de estar e algumas mesmo complicadas de apanhar num visionamento numa qualquer cinemateca.

Por isso, serve pouco como complemento à PS3 e mais como uma espécie de chamativo para um outro público que até pode ter a consola e nem a liga tantas vezes quanto isso. Tudo o que se pode fazer na PS3 pode-se fazer no site da Mubi, mas há um conforto impagável de o fazer através de um aparelho que está ligado à nossa televisão e que faz muitas outras coisas.

É claro que tem um preço e isso talvez seja o menos atractivo no universo Mubi. Apesar dos escassos filmes gratuitos, a grande maioria é paga e talvez não justifique o seu preço, uma vez que é visto em stream e isso castiga sempre a qualidade da imagem (e algumas paragens, embora a sua frequência seja menor do que a esperada). Há subscrições que tornam o todo mais apetecível, mas vivemos numa altura em que ao pagar por estes serviços – seja que preço for – exigimos uma qualidade substancialmente superior àquela que poderíamos obter em qualquer lado de borla sem ninguém nos chatear com isso. E, sim, mesmo para o género de cinema que o Mubi disponibiliza.

Além disso, há aquela “invasão amistosa” das redes sociais. Os outros, mesmo que nossos amigos, podem ver o que estamos a ver (na PS3 é possível), ver as nossas listas de favoritos e etc. Há ainda uma a ligação ao Facebook, que torna todo o processo ainda mais global. Claro que já nos habituámos a sentir a nossa privacidade ao desbarato, mas é sempre chato quando por defeito estes serviços não se tornam exercícios individuais mas para uma comunidade. Nada a ver com o Big Brother, mas às vezes é mesmo porreiro estar em paz e usufruir destas coisas apenas pelo básico que nos oferecem e esquecer todo aquele plus que só serve para nos tornar números de mercado e não amigos de todos os outros. Aqui, até nem é um sacrifício que custe fazer, mas seria bem melhor se por defeito não existisse.



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