Optimus Alive! 2012 | Dia #3 (15.07.2012)
Reis
Em virtude da hora de chegada, o primeiro concerto do último dia do Optimus Alive! 2012 foi o dos PAUS, no palco Optimus. Era impressionante o mar de gente que já se via no Passeio Marítimo de Algés às 18h30. O desafio proposto aos PAUS era, no mínimo, aliciante, e passava por conseguir transpor toda a sua garra e pujança a partir daquele palco imenso para todos nós na plateia. Passaram com distinção no exame, sem necessidade de quaisquer equivalências. Atiraram-se com alma desde o início e quem ainda não os conhecia ficou surpreendido. O alinhamento foi repartido entre o EP de estreia e o álbum, com «Mudo e Surdo» ou «Tronco Nu» em destaque, e esta última com direito a convite para despir a roupa. A meio da prestação deu para uma investida de Makoto pela multidão e de muitos e sinceros agradecimentos da banda pela recepção que tiveram.
Mal o concerto termina vai-se em passo acelerado para o palco Heineken onde as Warpaint já tocam, com “The Fool” no centro das atenções. Existe uma diferença vincada entre o EP de estreia da banda e o álbum, de tal forma que as cisões entre os fãs foram inevitáveis. Essas diferenças são claras ao longo do concerto, com «Undertown» a arrancar a maior ovação do contingente pró-álbum e «Elephant» a conseguir o mesmo do outro contingente. A actuação acabou manchada por alguns problemas ao nível do som mas que foram mascaradas pela recepção calorosa do público que surpreendeu Emily Kokal, Theresa Wayman, Jenny Lee Lindberg e Stella Mozgawa. É daqueles casos em que não conseguimos deixar de pensar que a prova dos nove só será tirada quando as Warpaint fizerem a estreia em nome próprio por cá.
Os The Macabees cresceram desde a última vez que tocaram no Optimus Alive!. Já os fãs, esses, continuam fiéis. É uma relação muito particular a que os ingleses mantêm com o público nacional, porque não é daquelas evidentes e que salta à vista de todos. É intensa, e talvez por isso mais real e honesta que muitas, e a verdade é que a banda sabe tirar proveito disso mesmo, enquanto mostram o novo “Given to the Wild”, editado este ano.
Um dos nomes mais esperados terá sido, porventura, a maior desilusão: os Mazzy Star. Quase que dói escrever estas linhas porque os Mazzy Star já me fizeram “perder” muitas horas enquanto os escutava e a expectativa de os ver, finalmente, ao vivo, era mais do que muita. A verdade é que Hope Sandoval e a sua banda acabaram por ficar um pouco aquém das expectativas e se começaram o concerto com algum público, terminaram-no perante uma plateia quase despida, que se foi mudando para o palco Optimus para ganhar posição para assistir ao concerto dos Radiohead.
Eis então que chega um dos momentos mais desejados de todo o festival. O regresso dos Radiohead, quase dez anos depois do último concerto. Ao longo, e depois do concerto, muito se discutiu o alinhamento, com as opiniões a surgirem tão dispares como “perfeito” ou “difícil”. Convenhamos o seguinte: os Radiohead nunca escolheram a via mais fácil ou a mais óbvia. Porque haveriam de o fazer com o alinhamento? A verdade é que funcionou tudo. Encaixou tudo na perfeição. O alinhamento estava montado de uma forma quase cirúrgica na forma como foi crescendo, despertando a cada canção emoções mais e mais intensas. Foi quase como se cada canção fosse juntando um pouco mais e, quando o final chegou, o êxtase estivesse no pico máximo. «Bloom», «15 Step», «Morning Mr. Magpie», «Staircase», «Weird Fishes/Arpeggi», «The Gloaming», «Separator», «Pyramid Song», «I Might Be Wrong», «Climbing Up the Walls», «Nude», «Exit Music (for a Film)», «Lotus Flower», «There There», «Feral», «Bodysnatchers», «Give Up the Ghost», «Reckoner», «Lucky», «Paranoid Android», «Everything In Its Right Place», «Idioteque» e «Street Spirit (Fade Out)». Tirem as vossas conclusões. Ao longo das cerca de duas horas de concerto foram poucas ou nenhumas as interrupções para dois dedos de conversa, mas ninguém se importou muito com isso porque o concerto estava a ser bom de mais para que se perdesse tempo com frivolidades como falar…
Foram várias as tentativas que já fiz para escrever estas linhas sobre os Radiohead mas parece sempre que fico um pouco aquém de descrever o que se passou durante o concerto, aquilo que passou cá por dentro. É daqueles casos em que as palavras nem sempre conseguem fazer jus à experiência vivida, por muito que o tente. Que não tenhamos de esperar mais dez anos para os voltar a ver.
Quando pensávamos que mais nada nos poderia surpreender eis que Jamie Hince e Alison Mosshart trataram de nos mostrar o contrário. Se o melhor concerto do palco Optimus coube aos Radiohead, o melhor concerto do palco Heineken foi dos The Kills, tal a intensidade e entregas ali colocados; por momentos, a própria Alison teve de parar um bocado para conter a emoção – sim, foi assim tão intenso! Foi intenso desde o primeiro momento com «No Wow» e assim continuou. De tal forma intenso que, durante «The Last Goodbye», alguém nas primeiras filas se sentiu mal e Mosshart tratou de interromper o concerto para que fosse prestado auxílio. Para fechar o concerto com chave de ouro ficaram «Fuck the People» e «Monkey 23», ambos do álbum “Keep Your Mean Side” de 2003. Enormes!
A fechar a noite de concertos estiveram os Metronomy, para apresentar o seu agradável “The English Riviera” para os largos milhares que continuavam a salivar por mais; no entanto, depois daquele concerto dos The Kills, alguns momentos antes, era difícil de superar… Limitaram-se a proporcionar um final de noite agradável.
Para o ano há mais.
Reportagem do primeiro dia do Optimus Alive! 2012 aqui; segundo dia aqui.
Fotografia por José Eduardo Real. Galeria fotográfica do primeiro dia aqui; segundo dia aqui; terceiro dia aqui.
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