Os Gigantes da Montanha

Última obra de Pirandello, inacabada devido à sua morte

A Ar de Filmes / Teatro do Bairro regressa às magníficas Ruínas do Museu do Carmo entre 26 de Julho e 19 de Agosto, com Os Gigantes da Montanha, de Luigi Pirandello, numa coprodução com o Instituto Italiano de Cultura. Nesta produção, o encenador António Pires dirige um elenco transgeracional, para dar vida às personagens criadas na última obra de Pirandello, a quem foi atribuído o Prémio Nobel da Literatura, em 1934, “pela sua ousada e engenhosa renovação da arte dramática e teatral”.

Nesta obra encontramos dois mundos: o dos “Enguiçados”, personagens que vivem fora da realidade, porque acreditam serem outros e a sociedade “normal” os rejeita, e o da companhia da Condessa, personagens também estranhas ao mundo real, por serem actores e o público não querer aceitar a sua mensagem e a obra poética que propõem. Os dois mundos encontram-se num palácio metafórico, lugar não lugar, onde realidade e sonho se sobrepõem.

Em Os Gigantes da Montanha não existe separação entre vida e sonho, drama vivido e drama representado, todas as personagens vivem na realidade, na ficção e no sonho, traçando uma espiral que entrelaça o próprio enredo, transparecendo a sua visão do mundo e do tempo.

Nesta obra, Pirandello utiliza a matéria onírica com “funções alusivas”, a intenção não é descrever naturalisticamente os sonhos das personagens, mas sim o que é subliminar para revelar os significados velados das verdadeiras essências humanas.

Pode-se dizer que há sempre um certo tom de ironia na obra de Pirandello, que expôs o caráter fictício das personagens para chegar à verdade sobre as pessoas. Sugere uma matiz contraditória, uma mistura de sombras e luz, de encantos e crueldade.

Num equilíbrio de poesia e reflexão sobre a criação artística, a peça é uma fábula sobre o imenso valor da arte num mundo dominado por gigantes impregnados apenas de lógicas economicistas e de lucro, com a intenção de firmar uma critica sobre a desvalorização do teatro em tempos onde a obra artística tende a ser extremamente realista e objectiva. Sobre ela Pirandello referiu:

“…Os Gigantes da Montanha são o triunfo da Fantasia! O triunfo da Poesia e ao mesmo tempo a sua tragédia, no meio da brutalidade deste mundo moderno…”

Sente-se neste texto a proximidade da morte, a afirmação da alegria vital e caótica do teatro, a necessidade da paixão e do amor, o mistério do erotismo, a dimensão grotesca e irónica da vida.

Já Mario Missiroli sobre ele referiu:

“…Uma das coisas mais belas dos Gigantes da Montanha é a verdadeira morte de Pirandello. Morreu o autor (facto extremamente meta-teatral): a sua morte constitui o final da obra…”, que não chegou a ser acabada, devido à sua morte em 1936.

A não perder até 19 de agosto num lugar não habitual, numa ruína tão bela e que tanto se conexa com o próprio texto. Procurando ser inclusivo, com sessão em Língua Gestual Portuguesa a 5 de agosto e legendas em inglês em todas as sessões para não deixar de fora os inúmeros visitantes da cidade de Lisboa.

OS GIGANTES DA MONTANHA

Luigi Pirandello

26 de Julho a 19 de AGOSTO | MUSEU ARQUEOLÓGICO DO CARMO

Segunda a Sábado | 21h30

Sessão com interpretação em LGP – 5 de Agosto

Espectáculo ao ar livre, legendado em inglês

Ficha Técnica

Texto: LUIGI PIRANDELLO; Encenação ANTÓNIO PIRES; Tradução LUÍS MIGUEL CINTRA Com: ADRIANO LUZ, ALEXANDRA ROSA, ALEXANDRE JERÓNIMO, CASSIANO CARNEIRO, CATARINA VICENTE, DAVID ALMEIDA, GRACIANO DIAS, JOÃO ARAÚJO, JOÃO SÁ NOGUEIRA, JOÃO VELOSO, MARIANA BRANCO e SOFIA MARQUES; Cenografia: FLÁVIO BARBINI e ALBERTO SOUSA OLIVEIRA; Figurinos: LUISA PACHECO; Música Original MIGUEL SÁ PESSOA e JOÃO SAMPAYO; Desenho de luz RUI SEABRA, Desenho de som PAULO ABELHO Caracterização IVAN COLETTI; Construção de cenário FÁBIO PAULO; Costureira ROSÁRIO BALBI Assistente de figurinos ROBERTO ÁLVAREZ GREGORES; Operação de Luz FREDERICO PAULETA Operação de som: ANTÓNIO OLIVEIRA, Legendagem FEDERICA FIASCA Direcção de Cena JOÃO VELOSO Assistente à Direcção de Cena e Operação de legendagem AFONSO LUZ; Bilheteira SOFIA ESTRIGA Ilustração JOANA VILLAVERDE; Fotografias de Cena; Spots de Vídeo TIAGO INUIT Direcção de produção IVAN COLETTI; Coordenação de Produção FEDERICA FIASCA Administração de produção ANA BORDALO; Comunicação MARIA JOÃO MOURA; Produtor ALEXANDRE OLIVEIRA Produção AR DE FILMES / TEATRO DO BAIRRO Coprodução ISTITUTO ITALIANO DI CULTURA DI LISBONA

M/12. Duração Aprox. 100 m 

Bilhetes à venda em www.bol.pt e nos Pontos de Venda Aderentes

16€.  12€ (<25>65 e profissionais do espectáculo). 10€ (portadores do cartão de amigo do TdB)

Reservas e informações:  213473358 (dias úteis 15h-18h) – chamada rede fixa nacional ou 91 321 12 63 (entre as 15h e as 21h nos dias de espectaculos) – chamada rede móvel.