Rossana @ B.Leza (07.11.2024)
A partir da sua voz, que guarda todos os segredos do mundo, pudemos desvelar as nossas angústias e ficámos muito mais sábios.
Naquela noite de sete de novembro, Rossana apresentar-nos-ia o seu mais recente trabalho artístico – o álbum “À La Portugaise”. O público estava empolgado, o que era notório na forma como se foram aproximando e mesclando em direcção ao palco como se de um altar se tratasse.
O horizonte visível era singelo, múltiplos instrumentos cobriam o espaço cénico. Por entre a percussão, a bateria, o baixo, a guitarra, o violoncelo, e o piano, os nossos olhos iam criando amplitudes várias consoante aquilo pelo qual estávamos à espera.
A banda entra – e, nós, atentos, escutamo-la. Surge, como segunda música, «Inglaterra» – que estabelece sensações duais (mas tão consensuais) relativamente ao sentido de casa. O que sabemos é que a voz de Rossana lhe pertence tão completamente e tão consumadamente da mesma maneira que é inevitável a respiração que nos dá (a) vida. E o público canta. E que bom que está a ser este início de noite.
“Que prazer é estar aqui! Mal posso esperar por tocar para vocês!” afirma Rossana. O ambiente luminoso era sóbrio, não obstante as exaltações de luz garridas e contrastantes.
Segue-se «Aí P’ra Sul», uma viagem sonora tão complexa e ao mesmo tempo tão reconfortante. Surgem múltiplas variações, como se estivéssemos a ler vários capítulos da mesma história. Uma história deveras cativante, por sinal.
Houve espaço para todos os estados de alma. Uma síndrome de emoções em rodopio. Houve «Bento Airoso», «Não Creio», «Lambo Boots» e «Run Rabbit Run (Foge Coelho Foge)». Uma mistura de estações em sintonia.
A artista falou sobre o processo de criação deste disco. Tendo sido gravado em França, em Fevereiro do presente ano, foi o “resultado de muito trabalho e muita paixão”. Por sua vez, a mensagem que Rossana quer passar com este “À La Portugaise” é a que fizer sentido para cada um, gerando possibilidades de alheamento de desarrumações.
Gritos alegres aqui e ali foram enchendo as gargantas audazes das pessoas; simultaneamente, a artista foi sendo uma borboleta vivaz a cada gesto, a cada nota, a cada passo, a cada melodia.
O tempo compôs-se ainda de outras entoações – a «Senhora do Almurtão» (com o adufe a vibrar indefinidamente).
O piano e a Rossana, um só. Os instrumentais, deliciosos. As imagens concebidas, brutais. E a canção que dá título ao álbum a dar-nos o desfecho que desejávamos.
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