“Toda a ciência em três grandes perguntas” de Philip Ball

A importância dos porquês

Quando se pergunta a uma criança o que quer ser quando crescer, poucos vão responder cientista, preferido, normalmente, algo como médico(a), professor(a) ou jogador(a) de futebol. Essa não preferência pela Ciência está muito associada ao facto de que grande parte da população ainda se encontra de costas voltadas pela esta área que está presente em praticamente todas as atividades quotidianas.

Aliás, como escreve Joana Gonçalves de Sá, investigadora e, entre muitas outras coisas, cientista, no prefácio de Toda a ciência em três grandes perguntas, de Philip Ball, (Planeta Tangerina, 2025), essa profissão «nem está consagrada entre as compiladas pelo Instituto Nacional de Estatística», o que revela que ainda temos muito a aprender sobre a importância da Ciência, e, acima de tudo, perceber o que é e como pode ajudar-nos.

E é esse mesmo o ponto de partida desde fantástico livro em forma de álbum desenhado por Bernardo C. Carvalho, que, a partir das palavras de Philip Ball, especialista nestas coisas da Ciência e que já desempenhou, entre muitas outras tarefas, o cargo de editor na revista Nature durante mais de 20 anos, apresenta uma colorida, inquisitiva e reflexiva abordagem que se centra na formulação de perguntas fundamentais que impulsionam o pensamento científico.

Ao longo das mais de duzentas páginas de Toda a ciência em três grandes perguntas, um livro para «leitores jovens de todas as idades, gostem ou não de Ciência», vamos perceber que, afinal, a Ciência não é um “bicho de sete cabeças” e que a sua essência reside na exploração da curiosidade e na consequente capacidade de questionar e cruzar disciplinas, defendendo Ball que «um bom cientista não é necessariamente aquele que detém todas as respostas, mas sim aquele que sabe fazer as perguntas certas», independentemente de serem três, ou muitas mais.

Através de um discurso simples e bem-humorado, e contextualizado com muitas cores e traços espontâneos, coloridos e algo naïf, o leitor, pequeno ou graúdo, vai-se deparando com a apresentação e exploração de conteúdos científicos, engrossando o seu conhecimento sobre Ciência e compreendendo assim melhor o mundo que nos rodeia, especialmente com a ajuda de três cientistas forjados com as cores do arco-íris: Yun Yun, especialista em Física; Sam, profundo conhecedor de Química; e Rani, mestre em Biologia.

De salientar que o conteúdo deste livro conta com a revisão científica de especialistas, estes sim, de carne e osso, como a já mencionada Joana Gonçalves de Sá, mas também Bruno Almeida, Maria M. M. Santos e Paulo Catry, e é um excelente exemplo de como é possível elevar a literacia em educação científica e incitar à curiosidade e ao pensamento crítico, enquanto se sabe quantos átomos existem numa fatia de pão, o que acontece no coração de um vulcão, o que é um buraco negro, quais as plantas que dançam e como podemos conviver em paz com a Inteligência Artificial. Mas, atenção, algumas destas descobertas implicam vestir uma bata e abrir a mente ao fantástico mundo das perguntas sobre (toda a) Ciência.



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