“Um Passeio pelo Parque” | Anthony Browne

“Um Passeio pelo Parque” | Anthony Browne

Caminhada surrealista por entre as flores e a relva

Licenciado pelo Leeds Colege of Art, Anthony Browne especializou-se em design gráfico. Um dos seus primeiros trabalhos como desenhador aconteceu num hospital de Manchester – versando temas médicos -, razão pela qual a figura humana aparece representada, nos seus livros, muito perto da perfeição.

A sua entrada no universo da ilustração fez-se pelo desenho de postais de felicitações, revelando desde logo uma paixão pelos pintores surrealistas, um gosto pelas cenas oníricas e a introdução de elementos bastantes estranhos nas ilustrações.

Em “Um Passeio no Parque” (Kalandraka, 2013), livro escrito e ilustrado por Anthony Browne, duas histórias paralelas cruzam-se quando dois grupos de avós, crianças e cães, nos antípodas da aparência e da etiqueta, partilham o mesmo parque para um passeio. À indiferença dos adultos, que não se falam ou olham até à hora do regresso – mesmo que partilhando o mesmo banco de madeira -, as crianças vão progressivamente interagindo uma com a outra, seguindo o ritmo frenético dos seus cães que transformam o parque num imenso centro de diversões.

Nesta história sobre o alheamento, a indiferença e a falta de comunicação, o que mais chama a atenção são as suas ilustrações, carregadas de detalhes e gosto pela perfeição, privilegiando a introdução de elementos à margem da realidade – pelo menos ao mundo como olhado pela gente grande -, como troncos ou pernas de banco com formas do corpo humano, estranhas fontes de água, objectos do quotidiano pendurados em árvores ou personagens arrancadas ao universo de Charlot – ou os próprios Robin dos Bosques ou Tarzan. Um livro carregado de pistas visuais e referências culturais e artísticas, que convidam o leitor a interpretar a história segundo a sua idade e, sobretudo, a sua forma de olhar o mundo.



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