L’Ecume des jours

“A Espuma dos Dias”

onde a música arredonda os espaços

O burburinho à entrada do Cinema São Jorge era notório. Passos stressados de um público que esperava ansiosamente por alguns lugares livres de última hora. É que “L’Ecume des jours” esgotou logo todos os seus bilhetes na véspera. Houve gente que esperou até às 22:00 para conseguir um lugar de honra, afim de assistir ao último filme de Michel Gondry.

“A Espuma dos Dias” ou “L’Ecume des jours” é uma montanha russa alucinada de emoções. Um filme recheado de magia, ainda que por vezes, paradoxalmente algo indigesto e pesado.

“L’ecume des jours” começa de um lugar em que os problemas não existem, tudo é belo, não há problemas, e a “música arredonda os espaços”. O amor acontece entre Chloé (Audrey Tautou) e Collin (Romain Duris) e tudo floresce. Acaba por florescer demais e fazer crescer um nenúfar maligno no pulmão esquerdo de Chlóe, que só será combatido com flores frescas. Este processo é moroso e dispendioso. A dupla que outrora viveu sem preocupações algumas, tem agora de se ajustar às dificuldades que se lhe atravessam no caminho.

A transição entre um início fulgurante, cheio de vigor, cor e uma fotografia simplesmente mágica, que torna possível a projeção de uma série de peripécias encantadas, transforma-se com o passar do tempo, numa fotografia bicolor, de uma palete de negros e cinzas, com muito pouco espaço para magia ou sonho.

Muitas vezes parece que o enredo leva o expectador para dentro de um género de trip. A primeira parte do filme, equiparo quase à “Alice no País das Maravilhas”, repleta de contextos alucinados e planos surrealistas. Já na segunda parte as emoções são sobretudo angustiantes e de difícil de digestão, num quadro bem mais real e soturno.

Houve até quem saísse da sala de cinema, quando a “realidade” começar a tocar nas personagens, e estas têm de enfrentar as dificuldades de simples mortais: a doença, falta de dinheiro, desemprego, falta de valores, adição (que neste filme é genialmente retratada no personagem Chick, um viciado na literatura de Jean-Sol Partre).

Como seria bom, se a nossa vida às vezes fosse um filme e pudéssemos sair a meio, ou pôr no stop durante as fases mais difíceis. “L’Ecume des jours” é um filme provocador, mágico e belo na sua tragicidade. Um argumento alucinado, criativo mas ao mesmo tempo extremamente real e próximo de cada um de nós. A não perder na Festa do Cinema Francês 2013.

Sessões:

LISBOA | CINEMA SÃO JORGE | 13 OUTUBRO | 22H
ALMADA | FÓRUM MUNICIPAL ROMEU CORREIA | 17 OUTUBRO | 21H
COIMBRA | TEATRO ACADÉMICO GIL VICENTE | 24 OUTUBRO | 21H
FARO | TEATRO MUNICIPAL DE FARO | 30 OUTUBRO | 22H – Filme de Abertura
GUIMARÃES | CENTRO CULTURAL VILA FLOR | 31 OUTUBRO | 21H30 – Filme de Abertura
BEJA | PAX JÚLIA | 1 NOVEMBRO | 21H30
PORTO | MUSEU SERRALVES | 4 NOVEMBRO | 21H – Filme de Abertura



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