“A génese natural” | Asger Jorn
A violência doméstica segundo Adão e Eva
O “Situacionismo” é um movimento europeu de crítica social, cultural e política que reúne intelectuais vanguardistas de diversas áreas como a poesia, arquitetura, cinema ou artes plásticas.
Asger Jorn (3 de março de 1914 – 1 de maio de 1973) foi um dos seus fundadores. Pintor, escultor e autor dinamarquês, participou ainda na criação do movimento COBRA. As suas obras podem ser vistas em alguns dos mais importantes museus da atualidade como o Guggenheim ou a Tate Gallery.
Neste «A génese natural” (Antígona, 2014), escrito entre 1963 e 1964, agita as águas da relação homem/mulher desde os remotos tempos bíblicos de Adão e Eva, abordando a situação hostil e discordante entre géneros e evolução até tempos mais modernos: «É ponto assente que, nos dias que correm, os homens e as mulheres estão descontentes uns com os outros» – aparentemente já assim o era nos tempos de A.Jorn!
Progride temporalmente pela história e seus momentos distintos, paralelamente à evolução da humanidade. A idade média, o humanismo, o renascentismo, a época dos descobrimentos, a escravatura, o paraíso onde Adão se aborrecia de morte até que lhe é retirado um osso inútil e daí nasce a mulher… não necessariamente por esta ordem!
A evolução do papel social da mulher, a sua crescente importância e domínio em campos tão distintos como a família ou a política, o seu poder natural sobre o homem dada a sua vitalidade, resistência e insensibilidade á ganância, tudo observado pelos olhos singulares do “macho Asger”.
Num tempo distante do surgimento de uma qualquer “Conchita Wurst” mas provavelmente na época em que muitas mulheres ainda se esquivavam a rapar o buço, podemos sempre situar esta obra intemporalmente, ou não fosse o seu autor um mestre do “Situacionismo”.
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