Air @ Coliseu dos Recreios

A nostalgia e o encanto pela dupla parisiense. 16 de Janeiro de 2010.

O Coliseu dos Recreios encheu-se, a 16 do presente mês, para receber os parisienses Air.

A dupla Jean-Benoît Dunckel e Nicolas Godin, acompanhada de um prodigioso baterista, envolveu todo o Coliseu na áurea criativa e insinuante que lhes ostenta a ambiência sonora desde o seu início, em 1998, com “Moon Safari”.

O último registo, “2 Love”, talvez se afaste um pouco do embalo mais estandarte do início desta formação, mas acrescenta uma nova forma de estar no universo experimental, sem se afastar necessariamente da electrónica e incisões pontuais de trip-hop, com mais densidade rítmica, maturidade e fecundação futurista.

Numa fase inicial de alguma dispersão pela espessura do novo “2 Love”, «Cherry Blossom Girl» serviu de doce, voltando a encadear a ligação cósmica entre o público e os Air, sob os agradecimentos constantes da dupla.

Apesar de tudo, no Coliseu existiram momentos de injecção inovadora pelo presente, bem aceites pelo imenso público – em temas como o harmonioso «So Light Is Her Footfall» ou o muy caliente «Love», do recente disco – mas também de alguma nostalgia, elevada entre aplausos e palmas a compasso dos fãs, na versão instrumental de «The Playground Love» (“Virgens Suicidas”) e a belíssima «Venus».

Em maior aceleração ainda se serviram «Be A Bee», «How Does He Make You Feel?» e «Alpha Betta Gaga» (de novo sob a imponência dos aplausos e palmas cadenciadas).

«Kelly Watch The Stars» (do sempre presente “Moon Safari”) encerrava antes do encore a prestação dos franceses.

No regresso, vieram o actual «Heaven´s Light» e, para amplo contentamento, o desejado «Sexy Boy».

Depois do concerto fica uma certeza no ar: o encanto pelo concerto e dupla, salvo pontuais excepções, foram representativos – não só pela afluência ao espectáculo como pelo ricochete, quase familiar, patente ao longo de toda a prestação – do carinho e apreço que o público português lhes nutre.