Power To The People
Até dia 4 de Junho está patente na Galeria Zé dos Bois no Bairro Alto a exposição “All Power To The People”. Uma oportunidade para conhecer a arte revolucionária de Emory Douglas.
A exposição está dividida por dois pisos, assim temos no primeiro piso e por ordem cronológica, nas duas primeiras salas, as suas ligações pelo mundo, desde os grupos de apoio aos gays, ou qualquer outra frente de libertação e a formação do partido dos “Black Panthers” depois o segundo piso é dedicado à arte revolucionária de Emory Douglas.
Assim a organização pretende dar a conhecer ao público como nasce o partido dos “Black Panters”, que foi através dos vários movimentos civis, nos EUA, a favor dos direitos civis da população negra, onde se cruzaram com figuras como Martin Luther King e ainda Malcom X e mais tarde da ligação que o partido teve com as forças libertadoras que existiam por todo o mundo.
Nestas duas primeiras salas, encontramos vários cartazes, posters e também vitrinas, com documentação referente a publicações da época, como forma de contextualização do visitante. É possível vermos ainda as comunicações feitas pelo partido internamente, isto porque a divulgação de fotografias dos vários acontecimentos, quer fossem confrontos entre a polícia e a população negra ou dos locais de ajuda alimentar, era passada via fax e divulgada por todo o país.
Encontramos, depois nas salas seguintes, também informação sobre as várias causas em que os seus membros estiveram envolvidos, desde acções de libertação de presos políticos, bem como, na criação de programas de ajuda a famílias carenciadas, através da distribuição de comida nas escolas, assistência médica, distribuição de roupa, representação legal aos presos políticos e também asseguravam o transporte aos familiares dos mesmos. Aqui encontramos a documentação referente a este assunto, quer seja escrita ou em fotografias dos locais onde era ainda possível ir buscar comida que era distribuída às famílias negras carenciadas.
A nível internacional, o partido esteve ligado a África e às várias frentes de libertação de antigas colónias europeias, como foi o caso de Portugal ou ainda no caso de outros países do continente americano, tais como, Cuba e México ou mesmo no caso longínquo da Indochina. Assim sendo, é-nos mostrada correspondência, manifestos e publicações que se realizaram, nesta época com o partido dos “Black Panthers”.
No programa da exposição, estão ainda disponíveis vários vídeos sobre todo o movimento negro, nos EUA, bem como, os contactos realizados pelo mundo e a literatura que surgiu na época, numa área em que o visitante tem reservada, no primeiro piso da exposição.
No segundo piso, é-nos dado a conhecer o trabalho gráfico do então ministro da cultura dos “Black Panters”, Emory Douglas. O partido fora formado por Bobby Seale e Huey Newton em 1966, na cidade de Oakland, sendo que toda a formação era muito jovem compreendia idades apartir dos 21 anos. Desde 1967, tinha como ministro da cultura Emory, ele torna-se no responsável pela imagem do partido, bem como, de toda a população negra. Emory tem como inspiração ou base, a pintura de Charles White, o construtivismo russo e alguma pintura religiosa, pelo que através do seu traço, confere humanidade e dignidade à figura humana negra, que até então era feita de forma pouco relevante para a condição do negro.
Isto porque a sua forma nova de representação gráfica do povo negro americano, onde este aparece de forma dignificada pela devolução da sua condição de sujeito capaz, em poses estilizadas ou mesmo transformando o cidadão comum num herói, quando anteriormente apenas era considerado um ser inferior.
Assim no semanário que o partido possuía, ou em qualquer outro meio de divulgação quer fosse em cartaz quer fosse um flyer, ele era o responsável pela parte gráfica, utilizando poucos meios financeiros, que depois seria também ela utilizada em todo o mundo.
Neste piso, através da documentação gráfica de Emory é-nos possível seguir o momento da repressão e perseguição que fora feita pelo governo americano, através das suas agências, nomeadamente do FBI, tal como, da policia local, que toda ela também documentada no semanário pertencente aos “Black Panters”.
Vemos ainda a demonstração do apoio que era dado, ao partido, pelas outras frentes revolucionárias de libertação, através dos cartazes que as mesmas faziam inspirados no de Emory e as deste às mesmas frentes.
Por todo o edifício, somos ainda acompanhados pelos vários murais que Emory realizou, demonstrando a envolvência global do partido e a mensagem que este transmitia.
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