Branca Cuvier
3 partes iguais.
As jóias desde sempre estiveram intimamente ligadas à representação do “eu” e é neste poder mágico de despersonalização que Branca Cuvier encontra o ponto de partida para a sua criação e se reparte em três partes com a mesma entrega: Baguera, Glittertart e Branca Cuvier.
Mas antes de desfragmentarmos cada uma delas é preciso conhecer Branca Cuvier (herself). Bem, isto se conseguirmos!
Tem uns genes de ouro, oriunda de uma família de mulheres artistas o seu percurso adivinhava-se óbvio. Começou na António Arroio e seguiu para a Ar.Co, onde ingressou em desenho e pintura mas a necessidade de construir peças tridimensionais levou-a a terminar o curso em joalharia. Criou um atelier juntamente com uma amiga, onde comecou a trabalhar por conta própria e durante um ano fez peças para a designer Lidija Kolovrat.
Depois, e porque os pássaros não voam dentro de gaiolas, tentou a sua sorte e foi admitida na Gerrit Rietveld Acadamie em Amesterdão
onde ficou apenas um ano porque se propôs a fazer um estágio com Lucy McRae. Foi neste período que abriu horizontes e teve uma grande sublimação na capacidade de criar!
No tempo em que esteve na Holanda teve a oportunidade de ver as suas peças expostas em Hamburgo no âmbito do projecto Steinbeiser de Martin Kullik e na Dutch Design Week em Eindhoven inserida no Made Out Portugal (um colectivo português que tem como objectivo divulgar talentos portugueses que têm em comum percursos profissionais lá fora).
Regressou a Portugal e quando se viu envolvida no complexo processo de criação utilizou as suas peças como instrumento de metamorfose de si mesma e foi descobrindo várias personalidades.
A marca em nome próprio, mais conceptual, que ela assume como sendo “demasiado intensa e profunda”, por ser um exercício de conhecimento interior e por absorver temas mais íntimos com os quais se confronta. O resultado são peças que transgridem o nosso imaginário e nos captam a atenção.
Na Baguera experimenta o exercício criativo sem preconceito, inspirando-se nas formas puras, usando materiais como acrílico, tecido, frutas ou sabão, permitindo-lhe estes materiais uma liberdade na criação, cumprindo o objectivo desta linha: joalharia de autor a preços acessíveis! A Baguera foi escolhida para figurar nos Pops no Museu de Serralves e encontra-se agora também na Loja Useless no espaço lounge da Experimenta Design.
Depois, com o objectivo de ir de encontro às necessidades dos clientes, existe a Glittertart em que faz peças por encomenda proporcionais às medidas, gostos e necessidades intrínsecas de cada um, que se requer mais clássica em relação ao design e aos materiais.
E numa espécie de encómio que em nada é excessivo, enaltece-se este percurso e os resultados magnificentes que dele advêm, porque é com pessoas como Branca Cuvier que se vai mantendo a ousadia de romper com o marasmo criativo nacional e se acredita que afinal há muito talento por cá!
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