CP#1 A Streetcar Named Desire

A Streetcar Named Desire.

Serve este texto para vos aconselhar não só um filme, mas para lerem uma peça, uma das grandes peças do teatro norte-americano.

Uma boa adaptação surpreende-nos e evita falas longas, substituindo-as por mais acção. Tenessee Williams escreveu o que Kim Hunter, actriz que desempenha o papel de Stella Dubois, diz ser um apelo das pessoas frágeis. Elia Kazan adaptou a peça para cinema, não esquecendo os cuidados com a luz, as descrições das personagens, quase todos os pormenores da peça e enriquecendo-a com momentos de acção, que quase nos fazem estender a mão para ajudar ou castigar as personagens da tela.

“Um Eléctrico chamado Desejo” é um tratado sobre o desejo sexual e os efeitos que o mesmo tem nas pessoas, sobre as atracções que nos fazem agir inconscientemente. Blanche apanhou esse eléctrico e, por isso, vai parar a casa da irmã, onde não deseja estar, onde não é desejada, dependendo sempre da bondade de estranhos, como Stanley.

As interpretações do filme são tão fortes que é como se Tenessee Williams, quando escreveu a peça, estivesse a pensar em Vivien Leigh e Marlon Brando para os papéis de Blanche e Stanley. As suas descrições correspondem exactamente ao que ele havia imaginado. Elia Kazan pensou cuidadosamente em todos os pormenores.

O físico de Stanley era uma das suas características mais importantes, uma vez que fazia Stella, uma mulher com um background totalmente diferente do dele, enlouquecer de paixão e perdoar-lhe toda a sua vulgaridade e bestialidade. Assim, foi criada uma T-Shirt à medida do corpo de Marlon Brando, para que os seus músculos estivessem perfeitamente realçados. Há também que referir que Vivien Leigh está numa fase muito perturbada da sua vida e aqui vemo-la muito diferente da Scarlett O’Hara forte e decidida de “E Tudo O Vento Levou”, sendo na mesma medida uma performance notável.

Ver o filme não é suficiente e eu explico-vos porquê. Em 1951, estamos numa altura em que a censura nos EUA é muito forte e ele não termina da maneira que deveria terminar, da maneira que Williams idealizou. A principal personagem da peça é o Desejo, é o que este nos faz fazer, é o que ele provoca em nós e na peça o Desejo vence, enquanto no filme, a maldade é castigada…

Percam-se na New Orleans de meados do século XX e vejam uma heroína erguer-se da própria desgraça que ela fez com que se abatesse sobre ela. Um clássico realizado por Elia Kazan, que, apesar das suas polémicas, não deixa de ser um génio do cinema!



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