Nós Cá por Baixo…
Minifest em Portimão. 3 de Abril.
Inícios de Abril. Rallye de Portugal, Mundial de F1, de motonáutica, bom tempo, o Verão já a espreitar. Boas razões para descer a sul e aproveitar o clima, os eventos e, claro está, a noite.
A dica tinha-me sido dada, não fosse eu filho da terra: Minifest num bar ainda jovem para ser mítico, mas no bom caminho. Em Portimão, na zona velha, por debaixo de uma arcada secular e resistente a terramotos, encontramos o Marginália Bar, refúgio dos filhos da terra e dos muitos cidadãos de outras paragens que foram adoptados pela cidade e pela fauna artística local.
No cardápio, 2 bandas da cidade com caminhos diferentes. Neste dia celebrava-se o retorno, ao final de quase 10 anos de ausência, dos Jesus Blood em concerto de aniversário do vocalista, o afamado Migas. A outra banda, Anthology, mais recente, subiu primeiro ao palco.
Com cerca de 4 anos de existência e prestes e lançar o seu primeiro álbum, atacaram com grande à vontade um line up de músicas cuja sonoridade não pode ser catalogada para além de puro rock.
Boas malhas, melodias orelhudas, vocalista energético, baterista competente, um baixo a contribuir para além do ritmo e, para além disso, todos a tocar certinho para o público que enchia a sala. No geral, certinhos, sem espinhas e com uma sonoridade muito na moda, que também é visível no look dos artistas. A coisa promete e o álbum a ser lançado pela Rastilho Records vai dar que falar.
Os Jesus Blood apresentaram um registo diferente. Para além da postura característica e familiar do frontman Migas, a experiência deste Power Trio permite que (para quem já conhecia a banda) se faça um concerto sem falhas, à custa de muito álcool e poucos ensaios, após anos de paragem.
O som não engana. Viviamos os inícios de 90, os adolescentes de então estavam divididos entre duas correntes do rock de Seatlle e claramente esta banda optou por uma delas, não fossem um power trio. Contudo, em pouco tempo a coisa personalizou-se, ganhou vida própria, como em outras bandas da região, numa corrente que deu origem a várias compilações de bandas durante os últimos 15 anos.
Voltando ao espectáculo, a banda apresentou os temas referindo o ano de colheita, qual vinho de reserva, o que ajudou a que alguns presentes viajassem no tempo e em várias direcções.
Foi um concerto revivalista mas que marca o regresso da banda, com novo baterista e que fez os presentes ficarem curiosos em relação à orientação deste grupo no futuro. Cá estaremos para ver, mas promete.
Para o final tivemos um DJ Set pela Miss Baila, artista local, conhecida pelo seu som eclético, a navegar em vários mares mas sem se afogar nas clássicas 135bpm e em demasiada electrónica. Conta quem lá esteve até ao fim que durou até às 6h30 da manhã. Tudo por 2€ de entrada e com um bar muito acessível. Quality Time.
Percebe-se pelos cartazes e flyers que a onda musical no Algarve está a voltar e a recuperar a pujança e originalidade que já teve na década passada, em que muitas bandas davam bastantes concertos para uma imensa maioria de Algarvios, mas que infelizmente não compreendia turistas nacionais, estrangeiros ou A&R.
Pena que o periferismo e outros lobbies menos bem explicados impeçam estes e outros artistas de correr o país e dar a conhecer o seu som. Mas isso dava outra conversa….
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