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Salvador Sobral @ Coliseu do Porto (11.05.2019)

No dia anterior Salvador Sobral tinha dado um espetáculo sob o mesmo mote (apresentação do novo álbum) mas totalmente “único” no Coliseu dos Recreios em Lisboa.

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A grandeza de Salvador Sobral vai muito para além da vitória no festival da Eurovisão que sem dúvida alguma marcou para sempre a carreira do músico. Salvador Sobral é mais do que isso, aliás é muito mais do que isso, é um entertainer irreverente e inovador quase sempre com momentos a roçar a loucura que habita a mente dos grandes génios. Sinonimo disto mesmo é que quem foi ao Coliseu do Porto apenas sabia que o espetáculo anunciado serviria para a apresentação ao vivo do seu novo álbum, “Paris, Lisboa”.

Na realidade o músico Salvador não defraudou as expetativas e o entertainer Salvador cativou, prendeu e encantou toda uma sala que quase “respirou” em uníssono com ele durante todo o espetáculo. Se uma frase pode descrever o que se passou no Coliseu do Porto talvez seja a que ouvi da boca de uma mãe que se fez acompanhar dos filhos ao evento “Foi um espetáculo espetacular e único”. Único é a palavra certa para descrever o que se passou no Coliseu uma vez que estou certo que se o Salvador desse outro espetáculo no mesmo sítio e com o mesmo alinhamento no final o resultado seria completamente diferente, a música poderia ser igual mas as conversas os gestos os improvisos seriam todos novos e no final são estes “extras” que ficam para sempre marcados na memória de quem lá esteve.

Pouco passava das 21:30h ainda o muito público presente se acomodava na histórica sala portuense quando a voz do músico começou a ecoar no escuro, o público dirigiu o olhar para o palco e procurou em vão Salvador nesse local, ouvia-se a voz mas não se via a “figura” e as apostas entre a assistência repartiam-se entre os que diziam baixinho “Está a cantar no camarim” ou “Está nas galerias” ou ainda “É uma gravação” a luz branca e forte de um holofote acabaria com o mistério ao iluminar o músico que afinal cantava “180 181 (catarse)”, o tema inspirado na sua estadia no hospital para receber um novo coração, a partir de um dos camarotes como se fosse “apenas” mais um membro da audiência. Estava dado o mote para uma noite “memorável”, diferente e acima de tudo única.

O holofote apaga-se. Os olhos viram-se de novo para o palco mas Salvador volta a surpreender e aparece quase como que uma sombra deambulante no corredor da plateia do Coliseu, gritando mais do que cantando “apaguem as máquinas, arranquem os fios”.

O tema «Change» do seu primeiro álbum marca o regresso à “normalidade” ao ser cantado por Salvador no palco que estava a receber a sua estreia em nome próprio numa sala tão icónica. Nem só o palco era uma estreia, a música seguinte «Cerca del Mar» marcaria também o início da apresentação do novo álbum, “Paris, Lisboa”.

Entre músicas, muita conversa entre o músico/entertainer e o público, onde aproveita para mostrar a sua felicidade em estar ali perante tanto público ou para mais do que uma vez confessar que está nervoso. Oportunidade também para apresentar debaixo de enormes ovações os competentes músicos que abrilhantam o seu espetáculo: Júlio Resende no piano, André Rosinha no contrabaixo e Bruno Pedroso na bateria.

Depois de mais de uma hora e meia de espetáculo onde foram interpretados de forma exemplar e “única” quase todos os temas dos seus dois álbuns, foi já nos encores, que acedeu à vontade de muitos dos presentes que passaram parte do espetáculo a pedir o tema que teve o dom de trazer o festival da Eurovisão de volta à música e interpretou «Amar pelos dois» embora de forma totalmente original mostrando que não foge aos anseios de quem o segue mesmo que o faça de forma “única”.

O final voltaria a colocar Salvador Sobral acompanhado dos restantes músicos fora do palco e no meio do público, o que serviu de mote para um final épico em festa no meio “daqueles que tornaram tudo isto possível”.

No dia anterior Salvador Sobral tinha dado um espetáculo sob o mesmo mote (apresentação do novo álbum) mas totalmente “único” no Coliseu dos Recreios em Lisboa.

Texto por José Graça e fotografia por Inês Graça.



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