Shakuhachi
A Shakuhachi não é um lugar estranho e distante. Shakuachi são muitos lugares, muitas coisas. É Melbourne, Bali, experiências e expectativas. Para Jessie White, designer da marca, Shakuhachi será tudo menos um lugar comum.
Graças à proliferação de sites e blogs de moda especializados na procura de tendências que tentam fugir a lugares óbvios, são trazidas até nós ideias que falam outras línguas, têm outros sabores e se pintam de outras cores. Por entre os lugares improváveis para os leigos na matéria que enriquecem o mercado e trazem novos ares à moda, está a Austrália.
Longe de capitais da moda como Londres ou Paris, Melbourne (a par de Estocolmo, na Suécia ou Antuérpia, na Bélgica) surge como um dos benjamins das cidades que nos trazem o que de melhor se faz no que concerne moda e tendências. E é lá que nascem também grandes mentes da moda, quer sejam eles anónimos trendsetters, quer sejam designers que vêem agitar um pouco as águas.
E por entre este frenesim de oferta de informação proporcionada pela internet chega a altura em que é preciso esquecer lugares comuns e ideias estabelecidas, que a moda se faz só em Milão e Nova York, que a Austrália é feita só de aborígenes e de extensos desertos, e acreditarmos que existem por lá coisas novas e refrescantes, coisas que desconhecemos. Como a Shakuhachi.
Marca de roupa com nome de flauta japonesa, Shakuhachi surgiu exactamente em Melbourne na década de 90, da tentativa de fuga de Jessie White a empregos convencionais, do seu instinto, necessidade e grande desejo de criar.
Diríamos antes de mais que apesar de cada colecção ter a sua premissa (quer seja a influência dos anos 90 ou o estilo masculino), podemos denotar que uma coisa permanece: a ideia das boas raparigas que se tornaram rebeldes, vestidas com roupas cuidadosamente elaboradas até ao detalhe como vestidos creme e casacos de cabedal, que vivem no limite da suave liberdade e da dura contestação de convenções impostas. Shakuhachi é, nas palavras da designer, espelho da maneira cigana de Jessie viver a sua vida.
Começou com uma pequena colecção que contava apenas com um modelo de t-shirt de três peças, que vendia em pequenas lojas na sua cidade natal. Hoje está à venda em lojas um pouco por todo o mundo, quer seja na Austrália, quer no Reino Unido, Estados Unidos, Nova Zelândia ou Japão. No ano passado criou o site da marca, onde podemos adquirir as suas criações. E como se não bastasse, estas podem ainda, e graças ao forte carácter empreendedor de Jessie, ser admiradas em revistas como Harper’s Bazaar, Marie Claire, Vogue ou Yen.
Shakuhachi é uma sobreposição de ideias e inspirações que Jessie recolhe nas viagens que faz e no tempo que passa entre o berço que é a Austrália e o Bali, na Indonésia, terra a que chama casa. Por isso diz que as suas roupas podem ser usadas por qualquer pessoa em qualquer parte do mundo.
Assim Shakuhachi é uma mistura coesa de influências de países distantes do nosso, de raízes de uma rapariga loira australiana que nos é possível apreciar e adquirir também graças a esta preciosidade que é a internet. Mas o mais fascinante é que nos podemos relacionar com essas raízes, e revermo-nos nas roupas que Jessie desenha, ficando com a feliz impressão de que Austrália, afinal, não é tão longe assim.
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