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The (Third Ever²) World Failurists Congress

se é para falhar, que seja ao quadrado

Em Março de 2013 tivemos oportunidade de acompanhar o (The First Ever) World Failurist Congress, que teve lugar na Casa das Histórias, de Paula Rego. Mas o movimento pelo falhanço não pára e a II edição já aconteceu, no Porto. No dia 7 de Dezembro vai haver lugar ao The (Third Ever²) World Failurists Congress, um evento que tem tudo para falhar, em simultâneo, em Lisboa e Bairrada (Curia).

Resolvemos conhecer o rosto por detrás deste movimento, a Sónia Fernandes, uma desempregada de sucesso.

Sónia, como explicar a quem não conhece o que é o  WFC?

O WFC é um evento que tem por missão Celebrar o Falhanço e Desmistificar o Sucesso profissional. Nos congressos, os oradores convidados falam sobre oss eus melhores falhanços, como aconteceram, as consequências dos mesmos e, mais importante o que aprenderam com os mesmos. Desde o início do WFC em Outubro de 2012, foram realizadas duas edições do WFC (Cascais e Porto) em que tal missão se concretizou com testemunhos fantásticos de já mais de 20 oradores. Por outra perspetiva, o WFC tem vindo a tornar-se numa comunidade cada vez mais coesa de pessoas que reconhecem que o Falhanço não é o fim da linha ou então que sabem que o sucesso, para acontecer, tem de passar pelas inúmeras provas que só o Falhanço pode ensinar.

Como é que entendes o falhanço?

Para mim, Falhar é qualquer ato que não corresponda à expectativa ou desejo de resultado final – seja por excesso ou por deficit. É tão grave conseguir apenas 10% do que se queria, por exemplo, como conseguir 200%. Falhar é tudo aquilo que nos obriga a parar para pensar e ver exatamente de onde viemos e para onde queremos ir, se estamos no caminho certo, se temos os meios adequados… Se o que almejávamos foi devidamente pensado e executado. Se os objetivos foram bem estabelecidos e se os sabemos ajustar à medida que vamos tendo mais informação (por noma, empírica). Falhar é o “entretanto” que mostra a coerência entre um e outro.

Perante a tua definição de falhaço, como encarar a “alergia” que a maioria de nós desenvolve perante a possibilidade de falhar?

Pode ter várias consequências. Há quem nem sequer tente seja o que for para não correr esse risco. Há quem tente e desista assim que cheire um potencial Falhanço no ar e depois há os que insistem e persistem, teimosamente por vezes, no Falhanço para não perder face mas sem adequar o que faz (sem aprender) para atenuar as consequências.

Não acredito que se deva desistir, que não se deva sequer tentar e muito menos acredito que a insistência num Falhanço ou fracasso fará com que se resolva. Acredito que a capacidade de aprendizagem e de apreender o que o Falhanço nos ensina é o que o transforma num Sucesso – suado, é certo, mas, mesmo assim, um sucesso.

O WFC Portugal existe para martelar o preconceito perante o falhanço? Qual é o seu greatest achievment até agora?

O WFC existe para ajudar a que se ganhe uma nova perspectiva do Falhanço e sim, claro, para martelar o preconceito que existe, especialmente para com as pessoas que o experimentam nas suas vidas profissionais.

O greatest achievment do WFC até agora é existir e ter vindo a receber o feedback e apoio que tem recebido – seja nos eventos em si, seja nos outros meios onde está presente. O facto de a mensagem estar a passar e a ser compreendida (e admitida!) é o seu maior feito.

Das histórias de falhanços partilhadas nos «palcos» WFC Portugal qual aquela que mais te inspira?

Para mim, o que mais me inspira é a coragem que todos os oradores e oradoras até agora tiveram que ter para participarem e falarem de forma tão aberta e cândida dos seus Falhanços profissionais. Não é fácil admitir tais situações, muito menos quando se possui um certo estatuto profissional, repleto de sucessos. Como disse Celso Martinho, em Portugal estigmatiza-se o Falhanço e penaliza-se o sucesso. Ter-se a coragem para se colocar exatamente no centro de tal afirmação é de grande, grande valor. Por isso, todas as histórias, de Oradores e dos próprios Failurists que assistem, são a inspiração.

Isto poderá ser má publicidade para o WFC, mas… Sónia, qual é o maior sucesso da tua vida?

Fazendo jus ao meu espírito Failurist, tenho de dizer que o meu maior sucesso é conseguir estar desempregada há três anos e meio. Sou uma Desempregada de Sucesso! Fazendo ainda mais jus ao meu espírito Failurst, acrescento que talvez o meu maior sucesso seja ter descoberto, por causa do WFC e tudo quanto me tem ensinado e permitido conhecer, que sou “Inempregável” no melhor sentido da palavra. Têm surgido vários convites para participar em projectos muito bons. Portanto, sim. Para azar do WFC, é mesmo através do Falhanço que tenho conseguido algum sucesso! 

Neste momento procuras sponsors para o  The (Third Ever²) World Failurists Congress. Qual é o perfil que procuras? Quem se pode candidatar?

As duas edições anteriores do WFC foram executadas com orçamento de zero euros. Tudo quanto não foi oferecido, foi emprestado. Tem sido fantástico contar com o apoio de tantas empresas e pessoas individuais para que tudo pudesse ser realizado. Sinceramente, não esperava tanta disponibilidade e gentileza e correu tudo muitíssimo bem.

A nova edição do WFC vai ser realizada em dois locais ao mesmo tempo (daí o “Third Ever²”) e tal feito requer um nível completamente diferente em termos de organização, logística e meios.

A campanha de crowdfunding  pretende angariar fundos que garantam a existência dos melhores meios possíveis nos dois locais para a realização do evento mas também para bem receber as pessoas (brindes, coffee-breaks).  Existem várias recompensas para quem apoiar o projeto em www.ppl.com.pt. Desde poder ser Madrinha ou Padrinho de uma Couve da Couveresta do WFC a ter hipótese de realizar um WFC individual numa empresa ou instituição, há de tudo um pouco.

Seguindo a “mantra” do WFC, chegou a altura de Falhar mais, de Falhar melhor!



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