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Urban Outfitters

Urban Outfitters é uma daquelas lojas que ou se ama ou se odeia. Urbana como o nome indica, é muito mais que uma loja de roupa, é antes um espaço de influência, onde tudo é pensado ao mais ínfimo pormenor.

Para nós portugueses, habituados a Zaras, Bershkas, Fashion Clinics e lojas de segunda mão de relevância duvidosa, a Urban Outfitters (UO) é uma nova realidade. Não que a nossa pacatez de opções (que tanta vez leva à criação dos nossos próprios escapes) seja de desdenhar, mas a verdade é que pautamos pela organização crónica do espaço.

O estilo das nossas lojas, sempre “moderno”, tendencialmente igual, no limbo entre o obsessivamente arrumado (excepto em saldos) e o desleixadamente desarrumado – no caso das lojas vintage, deixa-nos pouco espaço para a criação. Esta falta de opções é ainda mais notória quando verificamos que as nossas lojas se clonam em série, repetindo-se até à exaustão por todos os centros comerciais do nosso pequeno país e em todas encontramos a mesma colecção, a mesma ideia, a mesma tendência. A única diferença é o preço ou a qualidade.

Ora, e se perante este contexto de absoluta monotonia, nos fosse feita uma proposta totalmente indecente, e nos convidassem a entrar numa loja que fosse milimetricamente desalinhada? Uma loja que escolhesse não se pautar pelas mesmas tendências daquelas que a rodeiam…Este é o espírito da Urban Outfitters. E “espírito” não é usado levianamente, mas sim porque a Urban Outfitters é  mais do que uma loja, a UO é uma identidade, um espaço de tendências e ela mesma uma trend-setter.

Aqui, tudo é pensado ao pormenor: desde a música, aos móveis, aos expositores, aos artigos e, claro está, à roupa. Mas engane-se quem achar que é só uma loja de roupa. A Urban Outfitters é um espaço onde podemos encontrar de tudo, desde acessórios para a casa, CDs, óculos de sol, roupa sem marca, roupa de marca, T-Shirts da see by chloe, galochas Hunters e All Stars.

Certamente, quando Richard Hayne, em 1970, fundou a Urban Outfitters, estaria longe de imaginar que quase quarenta anos depois, estaria num lugar de respeito na famosa 400 List da revista Forbes. Nascida em Filadélfia, a marca que detém também a Free People e a Anthropologie, está representada em mais de 140 locais que trespassam a fronteira da sua América natal, passando por países como o Canadá, Reino Unido ou Suécia.

O humor irónico patente nos produtos mais famosos da UO, assenta como uma luva nas mãos sedentas de polémica dos media conservadores americanos e a visibilidade que isso traz à marca parece ser do agrado dos seus representantes. Desde a famosa T-Shirt “Everyone Loves a Jewish Girl”, passando por uma versão socialmente incorrecta do Monopólio chamada de “Ghettopoly”, a UO não teme  apresentar novas formas de comunicar o  espírito inconformista de uma América que pensa em si mesma de forma diferente e é esse mesmo espírito que rege a linha da marca desde a sua nascença.

Mas a polémica e a alma irrequieta da marca não a impede de albergar marcas bem patentes no imaginário de trend-followers e fashion savy buyers. Lacoste, Diesel, Evisu, são etiquetas comuns nos escaparates de uma loja que parece querer albergar todas as tendências debaixo do mesmo tecto; e consegue fazê-lo.
O que a Urban Outfitters consegue fazer, e o que a torna única, é transformar o seu universo multimarcas numa identidade coesa e tangível, fazendo desaparecer a importância da label,  destacando a verdadeira identidade UO, remetendo o consumidor directamente para a cultura da marca e atingindo imediatamente o seu subconsciente.

A experiência do cliente é um dos pilares fundamentais da UO. Desde logo, nenhuma loja UO é igual. Para uma marca que se prepara a passos de gigante para concorrer com H&M ou a American Apparel, gerir esta não conformidade do espaço é um desafio diário para os gerentes e funcionários das várias lojas que populam pelas mais importantes cidades dos Estados Unidos. Para este efeito, o online é crucial.

Tudo o necessário está no site; Desde um blogue cuidado, com textos dos designers e opiniões constantes sobre novos produtos, passando por uma área dedicada à música, alinhada por downloads exclusivos e uma playlist semanal de bom gosto inquestionável com o de melhor se faz na pop internacional, existe também uma loja online, cujo design simples consegue transcrever o espírito de exclusividade e não conformismo patente nas colecções de roupa, acessórios, merchandising e mobiliário que por lá encontramos.

Quando entramos numa UO, imediatamente nos ocorre o pensamento “Mas porque raio é que não há disto em Portugal”. A UO é o que uma cadeia de lojas de roupa deveria ser. Atenta ao espaço em que se insere, consciente do seu público e da melhor forma de o agradar e sempre focada no seu objectivo de conhecer de perto as tendências que a definem e as tendências que quer definir para ela mesma. A experiência é única.

Um dia, quem sabe, todas as lojas serão assim.



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