Xan Cassavetes

Xan Cassavetes

A primeira longa metragem da filha de John Cassavetes vai ser apresentada na edição deste ano do MOTELx. Conversa em exclusivo com a realizadora.

A RDB vai estar presente na sétima edição do MOTELx e, após partilhar convosco a programação deste ano, decidiu entrevistar alguns dos convidados internacionais que vão participar no festival! Comecemos por Alexandra Cassavetes, mais conhecida como Xan Cassavetes.

Xan Cassavetes é uma actriz e realizadora americana que herdou, sem dúvida alguma, os genes do cinema! No seu caso não tinha, de todo, margem para não os herdar… É filha do actor e realizador John Cassavetes e da actriz Gena Rowlands, é neta da actriz Katherine Cassavetes e irmã do actor e realizador Nick Cassavetes. O que dizer sobre isto…?

O filme de Xan que será exibido no festival é de 2012 e é também a sua primeira longa-metragem. “Kiss of the Damned” é uma produção cinematográfica sobre vampiros, que podem ver pelas 19:00h do dia 14 de Setembro, na Sala Manoel de Oliveira do Cinema São Jorge, em Lisboa.

Mas vamos ao que realmente importa… Passemos, pois então, à entrevista:

De onde surgiu a ideia para realizar “Kiss of the Damned”? No que é que se inspirou?

A ideia surgiu da casa onde gravámos o filme. O dono queria fazer uma espécie de filme de terror lá e alguns produtores deslocaram-se até à casa para ver se tinham ideias. Eu pensei numa vampira solitária e em como ela teria acabado sozinha naquela casa num lago das florestas do Connecticut, mas passou-se um ano e ninguém tentou fazer um filme lá… Nem mesmo eu própria, pois consegui fazer com que um outro filme que estava a tentar gravar há cinco anos fosse financiado. Contudo, passados esses cinco anos, já não me conseguia relacionar nem com a história nem com a histeria à volta das estrelas de cinema que poderia contratar devido a ter conseguido um maior orçamento.

Queria sentir-me livre e fazer algo mais atmosférico. Ao lembrar-me da casa, consegui escrever o guião muito rapidamente e apresentei-o a alguns dos meus investidores. O orçamento para o filme era muito menor e eles concordaram em financiá-lo. Felizmente, o dono da casa também aceitou a proposta.

O que gosta mais no filme? Tem alguma cena preferida? Se sim, porquê.

Creio que consegui ter prazer em todas as coisas que fiz no corpo do filme – os figurinos, o aspecto fotográfico da história, a relação íntima que estabelecemos com a localização primária da filmagem (alguns de nós viviam na casa!), o design da produção e o sonoro, a banda sonora, a música ambiente, até mesmo escolher as longas unhas verdes da Mimi…

Adoro a cena em que os protagonistas se beijam através da porta, como sendo algo mais primitivo e inovador, e a cena com o fã virgem no final do filme, por ser algo mais clássico. Também gosto muito das cenas em que o Paolo enlouquece ao pensar na Djuna, enquanto passa por estradas escuras e nebulosas, não percebendo a atracção que sente pela escuridão dela como algo mais físico e mental.

Quais eram os seus principais objetivos para este filme? Conseguiu concretizá-los? Quais os desafios com que se deparou? 

Eu quis encontrar personagens e situações com que me relacionasse, mesmo tratando-se de vampiros. A filmagem foi rápida e as coisas correram bem. A edição, por sua vez, foi longa e difícil, porque queríamos brincar com o material… Por vezes, chegámos mesmo a criar uma confusão gigante e terrível, o que acabava por ser assustador! Ainda assim, isso levou-nos a ser mais criativos e a perceber melhor o filme durante o processo da sua realização.

Além disso, eu e o meu editor, o Taylor, ficámos um pouco obcecados e se alguma coisa corresse mal com o som ou com a imagem, por muito insignificante que fosse, ficávamos fora de nós. No entanto, chega a um ponto em que se tem de deixar ir e isso é o maior desafio…

Já visitou Portugal? Como é que se sente em relação ao facto do seu filme vir a ser exibido num festival de cinema de terror português? Tem expectativas sobre como é que os portugueses vão receber o seu filme?

Esta será a minha primeira vez em Portugal e estou extremamente entusiasmada. Estou muito feliz pelo facto de “Kiss of the Damned” ser considerado um filme de terror suficientemente assustador para ser exibido em bons festivais! Não sei como é que os portugueses vão receber o filme… Provavelmente de uma maneira diferente do que é costume.

O que é que “Kiss of the Damned” trouxe de novo e acrescentou à sua experiência no cinema?

Foi a minha primeira narrativa… O meu passado estava marcado pelos documentários. Tal como mencionei, adorei ter a hipótese de fazer um filme de vampiros, no qual é apropriado e até mesmo obrigatório mergulhar nos aspetos mais sensuais da produção cinematográfica. Sair do realismo dos documentários para uma situação em que posso manipular e brincar com a construção de um mundo ficcional foi fantástico.

Sente uma responsabilidade acrescida pelo facto da sua família viver à volta do cinema?

Nem por isso. Claro que o meu irmão, a minha irmã e eu veneramos o John, como homem e como produtor, logo nenhum de nós se compara a ele. Todos os dias vemos pessoas a tentarem imitar o seu estilo ou a tentarem ser como ele e a utilizarem o seu nome como uma espécie de marca registada. Boa sorte com isso! E a Gena é a Gena e não há qualquer mulher como ela. Como tal, estamos livres desse género de ilusões.

Somos todos diferentes no que queremos fazer e, nesse sentido, não sofremos desse tipo de pressão. Para além disso, temos uma relação muito boa e somos muito próximos, por isso não vale a pena sequer ir por aí…

Tem novos projetos em mente?

Sim, tenho. Não são sobre vampiros, mas têm definitivamente alguns elementos do mundo do fantástico. Mal posso esperar por recomeçar a gravar!



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