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Nortada Musical

2011. Um ano em que a música deve subir mais um degrau. Uma evolução. A norte, as coisas parecem mexer a um bom ritmo. Os Long Way to Alaska e os The Glokenwise são um bom exemplo. As duas com o selo Lovers and Lollypops. Vale a pena ouvi-las com atenção.

Nunca, como hoje, a música respirou tão bem e tão livremente no nosso país. Do pop mais comezinho ao rock mais roufenho, do hip hop mais assertivo às electrónicas mais dançáveis, a música portuguesa vive “um período dourado” (esta designação surge entre aspas porque é roubada de muitos “visionários” que assim se dirigem a esta era). 2010 foi um ano de lançamentos estimulantes (e são tantos…), 2011 parece ser um ano de lançamentos estimulantes (ainda não são muitos, mas no final do ano esperemos dizer: “e são tantos…”). Dois deles marcam este artigo, dois lançamentos que em termos sonoros (aparentemente) nada têm em comum mas há muito mais a uni-los do que possamos imaginar. A começar pela editora, a terminar na localização geográfica no país: o Norte do país, uma incubadora criativa por excelência, apregoa-se e uma editora que tem olho para estas coisas, a “Lovers and Lollypops”, a independente “comandada” por Joaquim Durães (se vierem ao Norte, é provável que ninguém o conheça; mas se perguntarem pelo Fua, o caso muda de figura).

Long Way to Alaska, os filhos da cidade do rock puro

Os Long Way to Alaska editaram em 2010 o primeiro longa duração a que deram o nome de “Eastriver”. È vê-los, na capa, cobertos por uma espécie de canoa do Mogli, a palmilharem rio acima para chegarem ainda não sabem bem onde, mas sabem que querem chegar a algum lado na música – quanto mais longe, melhor. Em 2008 já nos tinham dado a conhecer um pequeno trabalho (vulgo EP) que nos soube a pouco, com quatro temas que oscilavam entre a folk ambiental e o acústico. Desse trabalho saltava à vista “Sicilian Relationship”, um tema marcadamente melódico e que facilmente nos entrava no ouvido – muito graças à voz. Tema que, de resto, mereceu uma revisão, uma nova roupa retirada do armário e um novo visual no novo trabalho. Passou apenas a “Sicilian”, o som ficou mais forte, mais ritmíco, e há fãs que logo se insurgiram contra esta versão (vide myspace da banda). Mas o novo trabalho traz ainda temas que fazem deste um dos melhores álbuns do ano passado. À cabeça, sem margem para dúvidas, “Flamingos”, uma espécie de “Vampire Weekend” cá do bairro, com a batida no lugar certo, a obrigar-nos a abanar a cabeça – e não só. Destaque ainda para “United Colours of Patapon” e Long Beach Palm Trees”, mais calmas que a citada em primeiro lugar mas que demonstram a vitalidade de uma banda com elementos cujas idades não superam os 25 anos (nalguns casos estão bem abaixo dessa idade).

The Glockenwise, os filhos da cidade do rock sujo

Os The Glockenwise personficam aquilo que achamos de uma banda jovem: rebeldes, provocatórios, desleixados, vivendo 24 horas para a música, marimbando-se para as aulas e para as recomendações dos pais (calma, calma, não estamos a falar dos episódios desaçucarados dos “Morangos com Açucar”. Isto é vida à séria!). Em 2008 chegaram-nos via encarte de um qualquer folheto do Lidl, dentro de uma capa de plástico e com poucos cuidados visuais – os nomes dos temas, aliás, eram praticamente (propositadamente?) ilegíveis e o som não tinha qualquer preocupação em ultrapassar o limite máximo do volume – a distorção era uma constante. Em 2011 chegou o primeiro longa duração, mais cuidado, mais disciplinado, a mostrar que o rock, sujo, pode afinal ser também mainstream (porque não ouvimos mais as músicas deles nas rádios nacionais? Eis a questão…). Chamaram-lhe “Building Waves”, uma disco que esperam que crie as ondas necessárias para os dar a conhecer a mais pessoas. Neste álbum encontramos o hino de toda uma geração (qual “Parva que sou”…): “Stay Irresponsable”. Este sim, um hino da juventude a não sucumbir aos poderes instituídos. Mais cuidados, menos desleixados, com um rock menos sujo mas, mesmo assim, altamente recomendável, os The Glockenwise não desdizem aquilo que se sabe de Barcelos: em cada família há pelo menos um músico no activo.



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